Em entrevista à Folha de Dourados, Geraldo fala sobre eleições municipais
A carreira política de Geraldo Resende começou em 1992, quando ele decidiu ser candidato a vereador pelo PSDB, sendo eleito com 1.384 votos. Desde então, sua trajetória foi sempre vitoriosa, conquistando um crescimento eleitoral a cada nova candidatura. Em 1996 foi candidato à reeleição, quando obteve 1.500 sufrágios.
As lutas históricas que empreendeu na Câmara de Vereadores, como a que resultou, anos depois, na implantação do Hospital da Mulher; a criação do Procon; e o Programa de Planejamento Familiar, entre outras, levaram a população de Dourados e região a alçá-lo à condição de seu representante na Assembléia Legislativa, com 8.953 votos.
Como deputado estadual, Geraldo continuou sua linha de atuação em defesa de lutas históricas, sendo, por isso, escolhido para ocupar a Secretaria de Estado de Saúde, entre outubro de 2000 a abril de 2002, período em que Mato Grosso do Sul experimentou verdadeira revolução no setor, fato reconhecido por todos os secretários municipais de saúde e prefeitos da época.
O reconhecimento deste trabalho garantiu-lhe, em 2002, a eleição para seu primeiro mandato como deputado federal, ao obter 39.421 votos, para a legislatura 2003/2006, quando, entre outras ações, retomou em âmbito nacional a luta pela implantação da UFGD. Foi reeleito em 2006 para o mandato atual obteve 67.710 sufrágios. Nas eleições deste ano recebeu 79.299 votos para o terceiro mandato de deputado federal.
Atualmente, Geraldo é tesoureiro da Frente Parlamentar da Saúde e participa das comissões de Seguridade Social e Família e de Desenvolvimento Urbano.
Especificamente para Dourados, o deputado Geraldo Resende tem feito um intenso trabalho na busca de melhorias na área de saúde, infraestrutura (esgoto, asfalto e drenagem), lazer (recursos para a construção de praças), que totalizam mais de R$ 100 milhões em investimentos e mais de 200 obras.
Entre essas obras, destacam-se a implantação de asfalto/drenagem em mais de 40 bairros, como o Jardim Pantanal, Parque Nova Dourados, Jardim Novo Horizonte, Parque das Nações II Plano, entre outros; a duplicação da BR-163, da Embrapa até Vila Vargas; recursos para a construção das praças do Jardim Canaã III, Parque Alvorada e Conjunto Izidro Pedroso; recursos para a construção da Clínica da Mulher e Instituto da Mulher e da Criança; reforma do Hospital da Vida; reforma de 10 postos de saúde e construção de seis novas unidades; implantação da UPA (Unidade de Pronto Atendimento); revitalização da Escola Presidente Vargas; implantação da Vila Olímpica Indígena; construção da Escola Guateka e reforma de todas as escolas estaduais em Dourados, além da luta pela construção de uma Escola do Brasil Profissionalizado.
Em entrevista exclusiva à folha de dourados fala sobre a crise institucional com o afastamento do prefeito Ari Artuzi, das consequências das eleições 2010 e de seu sonho de administrar Dourados. Leia seguir os principais trechos.
Folha de Dourados – Quais as principais mensagens que o senhor captou na campanha eleitoral e também com seu desempenho nas urnas em três de outubro?
Geraldo Resende – Uma delas é a de que vale a pena fazer política com ética, com dignidade e muito trabalho. Foi desta forma que consegui conquistar meu terceiro mandato na Câmara Federal, mesmo fazendo uma campanha com muito menos gastos do que outras candidaturas poderosas, que atuaram como verdadeiras máquinas eleitorais. Outra mensagem é a de que ainda precisamos avançar muito no processo de conscientização da população brasileira, porque há, também, parcela significativa de eleitores que vota apenas pela troca de favores, pessoas que eu considero ainda como “não cidadãos”. São indivíduos que, muito embora estejam vendo o asfalto passar na porta de sua casa pelo trabalho de um determinado candidato, preferem votar em outro que lhe deu alguns litros de gasolina e que sequer conhecem ou sabem onde moram.
FD – A eleição para a Câmara Federal e à Assembléia Legislativa de personagens desconhecidos do eleitorado, alguns com votação surpreendente não sugere que já passou da hora da reforma política no Brasil?
GR – Com certeza. São assuntos que sempre vêm à tona, porém falta a coragem necessária dos políticos tradicionais em colocá-los na ordem do dia, porque se o fizessem estariam atuando contra seus próprios interesses. Mas eu defendo que o fim dessas distorções somente acontecerá com a instituição de instrumentos como o financiamento público de campanha, o voto distrital, cláusula de barreira e a fidelidade partidária. A continuar como está a atual legislação, será cada vez mais difícil a eleição de candidatos que se apresentarem apenas com propostas inovadoras e consistentes, se não gastarem verdadeiras fortunas na campanha.
FD – Por favor, uma análise da reeleição do governador André Puccinelli (PMDB) e da eleição de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Os desdobramentos em Mato Grosso do Sul.
GR – A reeleição de André Puccinelli se deu pelo simples fato de que a população aprova o seu mandato atual. Trata-se de um governo que honrou todos os compromissos assumidos na campanha e transformou Mato Grosso do Sul num canteiro de obras, de ponta a ponta. O governador André concretizou antigos sonhos da população. Em Dourados priorizou a construção da Perimetral Norte e a duplicação da MS-156, que liga Dourados a Itaporã. Outra ação que contemplou o desejo de muitos foi a integração e o desenvolvimento provocados pela construção da Sul Fronteira na região sul do Estado, e na região norte a construção da BR 359. Por outro lado a eleição de Dilma Roussef é consequência da aprovação inédita do presidente Lula, principal cabo eleitoral da candidata, que por sua vez, será a primeira mulher a exercer a presidência no Brasil. É uma conquista histórica, fruto do amadurecimento da população brasileira, que está passando por cima de tabus, como o machismo, a discriminação racial e étnica. Quanto ao relacionamento dela com o governador André, acredito que será normal, pois tanto um quanto outro devem se respeitar institucionalmente, pois após as eleições as divergências ideológicas são coisas do passado.
FD – Como o senhor vê o atual momento político por qual passa Dourados?
GR – Vejo com tristeza. Não foi isso que vislumbramos para nossa cidade, quando, em 2008, fomos às ruas defender um novo projeto para Dourados. Já na época, alertávamos a população para o risco de eleger uma pessoa totalmente despreparada, que embora passasse uma ideia de humilde e defensora dos mais carentes, na verdade tinha compromissos com setores poderosos, que nada mais queriam do que manter o ‘status quo’, ou seja, continuar e ampliar os privilégios que tinham na administração municipal. Sempre fui contra a política assistencialista, por considerá-la nociva ao processo de educação de nosso povo, fato que até hoje traz consequências negativas, como o grande número de votos que os douradenses destinaram a candidatos que sequer conhecem a cidade. Mas creio que nem mesmo o mais arguto analista político poderia prever o verdadeiro caos institucional em que Dourados está mergulhada, com o prefeito, o vice-prefeito, secretários municipais e vereadores presos, além de um cenário de incertezas pela frente. Na verdade, não sabemos quem será o prefeito douradense nos próximos dois anos e nem se a população terá a oportunidade de escolher o sucessor da prefeita interina Délia Razuk.
FD – Tem conversado sobre a crise em Dourados com o governador André Puccinelli? O que ele pensa?
GR – Sempre quando converso com o governador André Puccinelli levanto um leque amplo de assuntos que também são prioridades para Dourados e para todo o Estado. Mesmo assim, quando conseguimos tratar deste assunto, André demonstra sua preocupação afirmando que vai aguardar o desfecho deste imbróglio com a decisão do Poder Judiciário. O governador sempre respeitou e se colocou à disposição, tanto do prefeito-juiz Eduardo Rocha e, agora, da prefeita-interina, a vereadora Délia Razuk. Acredito que é o mais prudente, o trâmite deve ser aquele previsto pela Constituição Federal e Estadual, além da Lei orgânica do município. André sempre foi um homem de partido e caso a solução seja político-eleitoral deve seguir com o PMDB.
FD – Além da ordem política legitimada pela população, quais são as prioridades para a retomada do crescimento de Dourados, considerando que o Censo 2010 mostrou que o município cresce menos populacionalmente que outros da região?
GR - Creio que a prioridade não seja o crescimento populacional. O que precisamos, na verdade, é lutar pela conquista de melhores condições de vida para os douradenses. Se hoje temos sérias dificuldades na área de saúde, por exemplo, imagine se tivéssemos um índice populacional maior? Na verdade, precisamos resolver os sérios problemas de ordem social, como o déficit habitacional que chega a 12 mil moradias; a situação da Reserva Indígena, onde precisamos adotar, com urgência, políticas de inclusão social; a implantação de mais escolas de caráter profissionalizante; a implantação de novas unidades de saúde, de maneira descentralizada; além da urbanização de áreas carentes, citando como exemplo a região do Grande Jockey Clube. Também precisamos diversificar a vocação industrial de Dourados para aproveitar a matéria prima abundante na região, como a soja e o couro, partindo, por exemplo, para o setor de confecções, entre outras opções como alternativa às usinas de álcool que, embora importantes, não podem monopolizar nossa economia.
FD – Na hipótese da realização de eleições para um mandato tampão à Prefeitura Municipal, o senhor é candidato?
GR – Acabei de ser eleito deputado federal a partir de propostas que apresentei à população de Dourados e região, e meus eleitores, creio, não aceitariam um rompimento unilateral desses compromissos. Claro que, como já afirmei por diversas vezes, como qualquer pessoa sonho em administrar minha cidade, até como forma de devolver todo o carinho que a população me devota, explicitado nas sucessivas eleições com que me brindou. Porém, jamais poderia tomar uma decisão individual de tamanha responsabilidade. Em outras palavras, não sou candidato de mim mesmo e somente entraria numa campanha como esta respaldado por um forte apelo popular e apoio suprapartidário.
FD – E em 2012?
GR – Novamente, afirmo que administrar Dourados é um sonho que acalento há vários anos. Mas ao longo da minha trajetória tenho demonstrado que sou um agente que honra as decisões partidárias e os acordos políticos e por isso, por diversas vezes abri mão dessa pretensão em favor de projetos dos quais fiz parte e defendi com todo o vigor. No momento, o cenário para 2012 é totalmente incerto. Vai depender muito do que acontecerá nos próximos dias, pois quem se sentar na cadeira de prefeito e se fizer um bom trabalho, certamente terá respaldo para se reeleger. Eu acredito que para enfrentar um processo eleitoral é necessário ter o apoio do partido, das diversas forças políticas, levando em conta, ainda, o componente do apoio popular.
Fonte: Folha de Dourados