O sofrimento e a luta dos familiares de dependentes

Na segunda reportagem da série saiba como a droga age no organismo e porque causa uma dependência tão forte, a ponto de provocar nas famílias atitudes extremas para conter os viciados.

O crack é tido como a pior das drogas pela fulminante dependência que cria, pela brutalidade que provoca no viciado e, cada vez mais, pela violência que traz para dentro das famílias.

Na segunda reportagem da série Epidemia do crack, a repórter Luciana Kraemer encontrou mães que recorreram à violência para tirar os filhos do vício, no desespero para tentar salvá-los de si mesmos.

É como se fosse um claustro, mas é a casa de uma família...

“Isso não é vida, não é vida mesmo. Queria ter liberdade para poder sair descansada, ir para a igreja também, que é tão difícil tenho que ficar em casa, pedindo em casa mesmo”, conta a mãe de um dependente.

Os pedidos são todos para o filho de 15 anos, dependente de crack. Após duas internações e sucessivas recaídas, uma delas apenas 10 dias depois de sair de uma clínica, o garoto agora passa o dia no quarto, sob vigilância da mãe. Um castigo para os dois.

“Se sente medo e quando larga ele é pior ainda. Tá sempre com o coraçãona mão, será que ele vai usar, será que não vai?”, fala.

O medo da mãe é que ao sair por esta porta, o adolescente que aqui está protegido, volte para um caminho que ele já conhece. Foi aqui, perto de casa, que ele começou a usar crack. Na época tinha só 13 anos. Desde então, os pais lutam, do jeito que podem, para tirar o filho da droga.

Há três meses, a dona de casa tentou impedir à força que ele saísse. Nossa equipe estava no local e gravou as cenas a pedido da mãe,

"Eu quero sair”, diz o filho.“Eu não vou deixar”, afirma a mãe.“Vai deixar sim”, retruca ele.


Usuário de crack dorme na rua, sem família e sem abrigo, a violência sempre perto. (foto: Reprodução)

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