HU de Dourados e algumas verdades
HU de Dourados e algumas verdades
Li, neste mesmo site, artigo intitulado “O Silêncio da Associação Médica, como explicar?” e resolvi respondê-lo muito mais em respeito aos leitores deste veículo, e, em especial, à população de Dourados, que merece conhecer a verdade dos fatos, do que com o intuito de polemizar com o articulista.
Lembre-se que enquanto secretário estadual de Saúde, cargo que exerci no período de outubro de 2000 a abril de 2002, na gestão do ex-governador Zeca do PT, encontrei as obras do Hospital Universitário de Dourados em completo abandono. Na época, fiz gestões junto ao então ministro de Saúde José Serra, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando conseguimos, junto com a bancada federal, recursos da ordem de R$ 5.600.000,00 para o término da obra e compra de equipamentos, entre os quais de Raio-X de alta resolução, ultra-som, tomógrafo computadorizado e outros. Antes de sair da SES, deixei encaminhados vários processos de licitação para a aquisição de demais equipamentos para que aquele hospital pudesse, de fato, ser referência para a população de 34 municípios da Grande Dourados.
É bom frisar que, naquela oportunidade, para concluir o HU, levantei a voz em inúmeras reuniões do secretariado do ex-governador Zeca, defendendo a aplicação de recursos que, de outra forma, teriam sido destinados para término de outra obra na capital, como queriam setores do governo do Estado, na ocasião.
Eleito deputado federal em 2002, tão logo assumi, coloquei minhas energias junto com os demais componentes da bancada, para a obtenção de recursos que possibilitassem a compra dos demais equipamentos para a completa ativação do HU, consubstanciados no convênio 191/2003, a partir de uma emenda da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara Federal, no valor de R$ 4.226.184,89, com contrapartida do Estado, de R$ 469.576,10.
Ressalte-se que referido convênio sofreu desvio de finalidade, na segunda gestão do governador Zeca do PT, o qual, com essa verba adquiriu equipamentos que foram entregues em outras cidades, obedecendo critérios políticos questionáveis, que somente agora, na gestão do governador André Puccinelli, a partir de nossa provocação, foram entregues para a unidade hospitalar douradense, totalizando R$ 2,2 milhões.
Quanto às ações que impetrei, relacionadas ao HU, nada mais fiz do que cumprir minha obrigação como deputado federal, já que jurei defender, como tal, a Constituição Federal.
É bom lembrar que, ao avocar para si a administração do HU, apesar de nossas recomendações, a Prefeitura o fez por meio de um processo vicioso, burlando a Lei Orgânica do Município, a Constituição Estadual e a Constituição Federal, desconsiderando a norma legal de que o poder público deve fazer contratações mediante concurso público de provas e títulos. Portanto, o que fiz foi provocar o Judiciário para exigir o cumprimento das cartas citadas.
Sobre a gestão do HU, defendi desde o início e continuo defendendo que a mesma fosse feita pela própria UFGD, pelo Estado ou mesmo por meio de uma Fundação Estatal ou outra entidade do tipo Organização Social (OS) ou Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), porém, infelizmente, não fui ouvido. Ao contrário, fui vítima de uma campanha difamatória, principalmente junto aos estudantes da UFGD, por meio da qual, com mentiras deslavadas, fui taxado de privativista. Aliás, hoje, aqueles que me criticavam retornam ao caminho que apontava lá atrás: a gestão do HU sob a égide da UFGD.
Sobre isso, mais uma informação aos “esquecidos” de plantão: estamos fazendo gestões, por solicitação do secretário municipal de Saúde e do reitor da UFGD, para que, quando a Universidade assumir, de fato, a gestão, o HU tenha um financiamento perene.
Gostaria de deixar claro ao articulista que não espero dele nenhum tipo de reconhecimento sobre o meu trabalho em favor de Dourados, seja na questão do HU, do Hospital da Mulher, da criação da UFGD, construção da Vila Olímpica Indígena, das inúmeras frentes de asfalto, recursos para a recuperação de diversas praças, entre outras ações. Gostaria, apenas, ele pudesse contribuir, com cobranças internas dentro de seu partido e da administração municipal, para que recursos que viabilizei para Dourados sejam utilizados com a rapidez que a população douradense merece.
Refiro-me à verba, de R$ 1.6 milhão, que conseguimos empenhar há um ano e oito meses, para a reforma de 14 postos de saúde em Dourados, ou seja, para a população da periferia, que o Sr. Ênio deveria, em tese, defender; refiro-me, aos recursos, que chegam a R$ 1,430 milhão para a construção e compra de equipamentos para a Clínica da Mulher, empenhados no final do ano passado, portanto há quase 10 meses; refiro-me, ainda, aos R$ 2,2 milhões que empenhamos, também no final do ano passado, para a reforma e compra de equipamentos para que o Hospital de Urgência e Trauma possa atender melhor à população.
Refiro-me, para concluir, à segunda etapa da reforma da Praça Antonio João, para a qual viabilizei R$ 487.500,00, que estão empenhados desde 25 de outubro de 2007; e a projetos que estamos cobrando da administração municipal, destinados à construção de unidades próprias para as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) em Dourados, os quais, infelizmente, ainda não nos chegaram às mãos.
Para finalizar, é de se questionar o silêncio do articulista sobre passagens tristes da vida nacional e local, entre eles o mensalão; o episódio dos sanguessugas; morte de onze mulheres no Hospital da Mulher em Dourados, no ano de 2004; e aumento do número de morte de crianças indígenas por desnutrição, em 2005, na Reserva douradense.
Espero, com tais informações, ter recolocado, para os leitores, a verdade dos fatos, e não apenas a versão daqueles que querem maquiar a história. Para esses últimos, fica a frase de Shakespeare, na peça Hamlet: “Enquanto os cães ladram, a caravana passa”.