A mulher e os avanços sociais

A mulher e os avanços sociais

Geraldo Resende

Vivemos ainda sob os auspícios do Dia Internacional da Mulher, comemorado na segunda-feira passada, dia 8 de março. Portanto, cabe, ainda, uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade.

Na verdade, o panorama mundial é repleto de contradições abissais no universo feminino. De um lado, mulheres em posições de comando, dominando espaços que eram reservados só para os homens; determinando novas posturas, novos comportamentos; estabelecendo, não a inversão da ordem mundial, mas uma trilha inovadora para a convivência humana. Estas mulheres são a prova de que um longo caminho de lutas e vitórias já foi percorrido.

De outro lado, mulheres que ainda são vítimas de mutilações genitais, da banalização da violência contra seu corpo e sua alma. Vítimas da “menos valia”. O grito abafado destas mulheres ecoa em nossos ouvidos para dizer ao mundo que muito ainda há por fazer.

Entre um universo e outro, há um corredor por onde passa a grande massa de mulheres que não se destaca pela crueldade das enormes repressões e nem pelos expoentes das transformações do nosso tempo. Mulheres que não estão nas manchetes dos jornais. Mulheres que lutam todos os dias, construindo lenta e corajosamente os novos parâmetros dos relacionamentos humanos.

Mulheres que não abrem mão de sua missão primeira de gerar. De preparar novos seres a partir do seu ser. Mulheres que não fazem concessões quando o assunto é dar à luz, dar o peito, dar o colo. Mas que não abdicam de suas carreiras; que escalam os himalaias de suas atividades; que não descuidam das unhas e da pele; que selecionam seus parceiros; que contribuem para a Previdência e que, acima de tudo, mantêm o olhar atento a tudo e todos em seu pequeno círculo.

São estas mulheres que mudam o mundo. E como mudam! Todos os dias, em todos os lugares, elas nos convidam, nos intimam, nos conclamam para a construção de uma nova era.

Há 100 anos, o dia 8 de março nos remete à reflexão e ao debate e nos abre a possibilidade de prestar homenagens. E para que todas as mulheres se vejam refletidas e sintam-se contempladas cito o reconhecimento a uma mulher que foi e será sempre a síntese do ser humano que fez a hora e não esperou acontecer: Dra Zilda Ars. Mãe, avó, médica. Mulher.

Morreu em cena. Desempenhando um de seus principais papéis: o de multiplicadora de conhecimento, durante o terremoto que arrasou o Haiti. Para homenagear Zilda Arns, e em nome dela, reverenciar todas as mulheres, recorro a uma frase de Séneca: “Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.”

Médico e deputado federal PMDB-MS


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