Suspeitos de integrar máfia das próteses negam acusações em CPI
10/06/2015 20h06
Sócio da IOL Implantes reconheceu, no entanto, que distribuidoras podem estar envolvidas na máfia
A sessão de quarta-feira (10) da Comissão Interparlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia das Próteses ouviu o diretor financeiro da Intelimed, Luiz Souza Fidelix, e José Paulo Wincheski, sócio-gerente da IOL Implantes. O primeiro a ser ouvido seria Fidelix, mas ele disse desconhecer as acusações e utilizou-se do direito constitucional de permanecer calado. “Não sei porque estou sendo investigado e me reservo ao direito de permanecer calado”, disse.
Fidelix é investigado pela compra de materiais médicos da Biomet, empresa acusada de pagamento de propinas a médicos brasileiros e mexicanos. Um dos principais profissionais investigado, o médico Fernando Sanshis, que também calou-se na CPI, tem contrato de exclusividade com a empresa de Fidelix.
Já Wincheski respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas, mas também negou as acusações. O gerente da IOL aparece na reportagem do Fantástico explicando como manipular a concorrência, para que a empresa vença um edital: bastaria citar alguma característica do implante que seja exclusiva da IOL, como o diâmetro dos furos onde vão os parafusos que fixam as próteses.
Indagado sobre o porquê não demitiu o gerente, Wincheski definiu a declaração dada à reportagem como “infeliz” e que não o demitiu porque iria provar que sua empresa não é adepta de tais práticas ilegais. “O funcionário reportou fatos de que não tem conhecimento. A IOL não participa de licitações e não tem ligações com a rede pública,” garantiu.Ele assumiu que algumas das distribuidoras para as quais vende seus produtos podem estar envolvidas na máfia das próteses e que não vê problema em comercializar para elas, já que sua empresa não estaria diretamente ligada ao esquema de corrupção. No entanto disse não ter conhecimento de nenhum fato contundente contra seus clientes.
Wincheski também foi questionado sobre sua relação com médicos, já que ele afirma não ter contato com os profissionais, mas em seu site convida os profissionais para diversos congressos. “A IOL não tem contato com médicos, reforço isso com ênfase,” afirmou.
A sessão da CPI também deliberou alguns requerimentos, entre os quais a ida da CPI para Montes Claros (MG) na próxima quinta-feira (18). O objetivo é ouvir delegados e acusados de envolvimento na máfia em Minas Gerais, descoberta na operação Desiderato, da Polícia Federal, que prendeu oito pessoas no dia 2 de junho.