Geraldo preside audiência pública que debateu câncer de colo de útero no Brasil
O deputado federal Geraldo Resende (PSDB-MS) presidiu, uma audiência pública conjunta das comissões de Seguridade Social e Família (CSSF) e de Defesa dos Direitos da Mulher (CMULHER) para debater a incidência do câncer de colo de útero no Brasil.
O evento foi possível em razão de apresentação de requerimento de autoria do parlamentar e contou com a participação de especialistas em oncologia, como o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Fernandes, a presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, Angélica Nogueira, o presidente da Comissão de Ginecologia Oncológica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Jesus Paula Carvalho e a diretora do Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, Maria Inês Gadelha, além da participação da gerente da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Rede do Instituto Nacional do Câncer (INCA), Beatriz Kneipp.
Terceiro maior câncer que atinge as mulheres em todo o Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em grande parte das vezes, o diagnóstico é feito tardiamente, dificultando as chances de cura da paciente, salienta Geraldo Resende."O objetivo primordial é debater políticas públicas que possam contribuir de verdade para que o governo incorpore à saúde novas tecnologias e equipamentos para o tratamento desse tipo de câncer, principalmente no estímulo na prevenção e diagnóstico precoce", explicou o parlamentar.
Segundo levantamento do INCA, o câncer de colo de útero é a quarta causa de morte de mulheres no Brasil. Por ano são registrados aproximadamente cinco mil óbitos. Anualmente surgem 18.430 novos casos e 44% das mulheres com câncer de colo do útero são oriundas de lesão precursora do câncer, chamada in situ, diagnosticado através do exame do Papanicolau. Mulheres que descobrem precocemente e tratadas têm praticamente 100% de chance de cura.
O INCA e o Ministério da Saúde recomendam que o exame de Papanicolau seja oferecido às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram relação sexual. A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos.
O câncer de colo de útero atinge mais mulheres com idade média entre 45 a 49 anos e com baixa escolaridade . Para a gerente da Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Rede do Inca, Beatriz Kneipp, esses dados podem diminuir se a prevenção for feita corretamente. "As mulheres muitas vezes deixam de ir às consultas, por vergonha, medo ou até mesmo por falta de informações", diz Kneipp. Ainda, segundo ela, a prevenção é a maneira mais rápida de fazer o diagnóstico precoce e salvar vidas.
Para o presidente da Comissão de Ginecologia Oncológica da FEBRASCO, Jesus Paula Carvalho, apesar da prevenção realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da disponibilização de vacinas contra o HPV e da realização do exame de Papanicolau, o diagnóstico é frequentemente realizado em estágio avançado. "Infelizmente quando o câncer de colo de útero é diagnosticado na paciente, a doença já em estágio avançado. Logo, a paciente é orientada a seguir um tratamento mais rigoroso como cirurgia, quimioterapia ou radioterapia" disse.
Ao final da audiência, a representante do Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, Maria Inês Gadelha, explicou que desde 2002 o Ministério da Saúde, em parceria com o INCA, busca a expansão da radioterapia em todo o país, já que esse tipo de tratamento atende somente 66% das necessidades estimadas pelo SUS. "O Ministério da Saúde criou o Plano de Expansão da Radioterapia que viabiliza compra e instalação de aparelhos a serem distribuídos em todo o Brasil, sobretudo nas regiões que apresentam maior déficit desse serviço", afirmou.
No entanto, segundo Geraldo Resende, essa porcentagem ainda é muito pequena. "Milhares de pacientes passaram por enormes sofrimentos e dificuldades, uma vez que precisam se deslocar de suas casas para municípios maiores ou centros urbanos para buscar tratamento, que precisa chegar mais para atender pacientes, sobretudo que residem no interior", concluiu o parlamentar.