Nomeação de Lula ministro é “tiro que sairá pela culatra”, diz Geraldo Resende
16/03/2016 18h21
A notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República na próxima semana acirrou ainda mais os debates no plenário da Câmara dos Deputados. Parlamentares governistas e de oposição se revezaram na tribuna para comentar o assunto.
Investigado na operação Lava-Jato, liderada pelo juiz Sérgio Moro, Lula terá foro privilegiado ao compor o corpo ministerial da presidente Dilma Rousseff. Na condição de ministro seu processo será remetido ao Supremo Tribunal Federal. Taxado ironicamente de "superministro ou primeiro-ministro", o ex-presidente assume a pasta propondo mudanças na política econômica e carta branca em suas ações políticas no governo sem interferência da presidente Dilma.
Em seu discurso nesta quarta-feira (16), o deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS), avaliou que a nomeação de Lula representa o total desrespeito ao País e que a pressão das ruas irá aumentar em favor do impeachment. "A presença de Lula na Casa Civil representa um soco no estômago do povo brasileiro e um tapa na cara da Justiça e das instituições do Brasil. A presidente Dilma, acuada e sem capacidade de reação, nomeia um investigado pela Lava-Jato e que já teve pedido de prisão preventiva pelos procuradores do Ministério Público de São Paulo. É o fim", frisou.
Geraldo Resende disse também que essa manobra deve piorar a crise política. "O tiro sairá pela culatra. O governo Dilma acabou e, nesse momento, nós temos um misto de sistema parlamentarismo com semipresidencialismo, ao nomear um ex-presidente na condição de "superministro", atendendo a todas as condições por ele exigidas", destacou. O deputado sul mato-grossense enfatizou que a consequência dessa nomeação vai trazer novas manifestações nas ruas de todo o Brasil.
"As vozes das ruas vão provocar um eco no Congresso Nacional, que tem o dever de acelerar o processo do impeachment e dar a resposta que a sociedade espera de nós", afirmou.
Rito do Impeachment no STF
O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aguarda o julgamento do recurso contra a mudança do rito do impeachment que aconteceu no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). No ano passado, o deputado Geraldo Resende compôs uma das suplências da Comissão Especial.
"Meu nome continua à disposição para ingressar nesta comissão. Espero que o STF tenha celeridade e que respeite o princípio da harmonia entre os Poderes, para que a Câmara dos Deputados dê seguimento ao rito do impeachment da presidente Dilma com autonomia e independência", concluiu o parlamentar.