Dia Mundial do Meio Ambiente – Nada a comemorar

Na data de hoje comemora-se o dia mundial do meio ambiente. Particularmente, quando penso na minha cidade de Dourados, sinto que há muito pouco ou quase nada para se comemorar.

Não que a cidade não mereça. Mas as questões ambientais andam descuidadas, aliás, como muitos outros setores, pela administração municipal. E não é por falta de uma Secretaria do Meio Ambiente. Não. Na verdade falta decisão política para enfrentar e assumir questões que dão trabalho para resolver. Mas que são essenciais quando se pensa no futuro das nossas gerações.

Ao contrário do que se esperava de uma secretaria atuante, o que se vê é o desmonte de uma estrutura que tem muitas responsabilidades. À total ausência de uma política ambiental para o município se soma a falta de apoio da administração municipal aos funcionários responsáveis por levar adiante as missões do Sistema Municipal de Licenciamento Ambiental.

Se levado mesmo a efeito, esse desmonte vai resultar em prejuízos para a população que não terá mais a quem recorrer quando precisar de uma licença ambiental em Dourados. A solução será ir até Campo Grande, em busca do similar estadual, que se tornaria responsável pela emissão de licenças ambientais.

O que um dia já foi uma secretaria municipal de meio ambiente, hoje não é mais que um arremedo. Não há estrutura, não há pessoal, não há interesse em vê-la funcionando adequadamente.

Para quem não sabe, Dourados tem, só dentro do seu perímetro urbano, oito córregos. Nenhum deles tem suas nascentes sob proteção. Nunca houve preocupação da prefeitura em definir os fundos de vale, as áreas de preservação ambientais que protegessem as nascentes desses córregos.O resultado desse descaso é que, se nada for feito, em pouco tempo eles estarão condenados. Hoje, já sofrem com a falta de cuidados. Estão expostos à ação desordenada do crescimento da cidade que desvia para os seus leitos muito do esgoto que a população produz.

Longe de querer pintar um quadro de horror, mas a verdade é que situação é dramática. Quando um administrador municipal não tem a consciência ambiental necessária para prever como será o futuro da sua cidade, a população está sob imenso risco.

De minha parte tenho feito o possível para preencher esse vazio. Dentro daquilo que me cabe, tenho buscado recursos federais para garantir praças, parques e áreas preservadas da nossa cidade. Não só assegurando espaços comunitários de convivência e lazer, mas também pensando na qualidade do nosso meio ambiente e tentando preservar algumas das áreas que considero mais nobres, como a que compreende um trecho do córrego Rego D’Água.

Devo admitir que é uma luta imensa. Enquanto busco a garantia de recursos lá em Brasília, vejo o descaso daqueles que deveriam estar gerindo esses mesmo recursos por aqui, usando as parcelas já liberadas para dar andamento às obras.

Entretanto, o que vemos é um retardo sistemático no andamento da liberação de recursos. Chega a parecer deboche. Enquanto de um lado a gente comemora a obtenção dos recursos em Brasília, de outro, os administradores municipais orientados por uma falta de bom senso nunca antes vista na nossa história, retardam a chegada dos benefícios à população, às vezes pondo em risco inclusive de ter que devolver dinheiro para a União.

Nessas condições, o dia mundial do meio ambiente, antes de ser uma data de comemoração deve ser uma data de alerta. Convido a todos os ambientalistas, a todos os cidadãos de bem dessa nossa imensa Dourados, que se manifestem contra esse descaso, contra essa falta de compromisso da prefeitura municipal.

É hora de mostrar que a nossa cidade é maior do que a sandice de um administrador instável. Que este dia cinco de junho seja o início simbólico da nossa manifestação de descontentamento com esse estado de coisas. Cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade de todos e uma obrigação de quem está no poder. Visão de futuro e consciência ambiental é o mínimo que se pede de quem está com a responsabilidade de gerir o futuro da nossa Dourados. Ainda que por pouco tempo.

Deputado federal Geraldo Resende - PMDB/MS