CPI da Máfia das Próteses segue ouvindo denunciados
08/06/2015 13h42
Possibilidade de confronto de depoimentos de médicos do Hospital Mãe de Deus deve marcar a semana na CPI
A audiência de terça-feira (09) da Comissão Interparlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia das Próteses e Órteses, presidida pelo deputado Geraldo Resende (PMDB/MS), ouvirá o médico Alberto Kaemmerer, que trabalhou no Hospital Mãe de Deus de Porto Alegre (RS). O médico afirma ter importantes informações para colaborar com as investigações, além de provas que comprovam suas denúncias.
Também será ouvido Alceu Alves da Silva, diretor do Hospital Mãe de Deus, acusado de participar do esquema de corrupção que funcionava no local. A possibilidade de confrontar esse depoimento com o de Kaemmer poderá apontar uma nova etapa de investigações na CPI.
Outro importante depoimento será de Cláudia Scapim, diretora da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Implantes (ABRAID). Há indícios de que ela teria organizado uma reunião com representantes denunciados após a diretora financeira da Totalmedic, Debora Pereira, comparecer a CPI e denunciar a cobrança de propinas por hospitais. Segundo Débora as instituições de saúde cobravam 20% do valor para adquirir determinado produto e cirurgiões cobravam 30% para utilizá-los. Claudia deverá esclarecer o assunto tratado na reunião.
Vai depor ainda a diretora do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DENASUS), Adelina Maria Melo Feijão, que, entre outros temas, falará sobre a prisão de oito pessoas na terça-feira (02) suspeitas de envolvimento na máfia das próteses e órteses em Minas Gerais, segundo a operação da Polícia Federal chamada “Desiderato”.
Na quarta (10), a CPI contará com os depoimentos dos investigados Luis Souza Fidélix, diretor financeiro da Intelimed; Miguel Skin, sócio-gerente da Oscar Skin; Fernando Strehl, administrador da Strehl; e Hosé Paulo Wincheski, sócio gerente da IOL Implantes.
Sobre a CPI
No dia 4 de janeiro, uma reportagem exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, chocou a população revelando o esquema de corrupção que funcionava na rede pública e particular que ficou conhecido como “Máfia das Próteses”, responsável por superfaturamento no valor de cirurgias e de próteses, órteses e materiais especiais, pagamento de comissão para médicos utilizarem produtos específicos e em maior quantidade que o recomendado e, o pior: a realização de cirurgias desnecessárias que colocavam em risco a saúde de pacientes.
Requerida e presidida pelo deputado federal Geraldo Resende (PMDB – MS), a CPI foi instaurada no dia 26 de fevereiro, já ouviu Giovani Grizotti, jornalista responsável pela reportagem investigativa do Fantástico; o ministro da saúde, Arthur Chioro; o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Jaime César Moura Oliveira; os desembargadores João Barcelos de Souza Júnior e New Wiedmann; o médico Fernando Sanchis; os representantes das empresas Brumed, Orcimed, Intelimed, Síntese e Gusson; entre outros.