Comunidade indígena aguarda inauguração da Vila Olímpica
Inauguração da obra está marcada para o dia 9 de maio. Os indígenas das aldeias Jaguapiru e Bororó estão ansiosos em usufruir da Vila Olímpica, que vai estimular jovens à prática de esportes
É grande a expectativa na Reserva Indígena de Dourados, em razão dos preparativos para a inauguração da primeira Vila Olímpica Indígena. As obras estão sendo finalizadas e o local começa a ser preparado para a festa de inauguração, prevista para 9 de maio, com a presença do ministro dos Esportes, Orlando Silva.
“Vamos preparar um mega evento de inauguração, com uma grande programação para recebermos nossos amigos e todas as pessoas que contribuíram para a realização deste projeto e com certeza o recebimento da Vila Olímpica em nossa reserva será uma alegria a toda comunidade”, comemora o coordenador do Núcleo de Assuntos Indígenas, Fernando de Souza e Silva.
“Nós estamos na expectativa. Eu creio que nossa aldeia, os povos daqui estão contando as horas e eu também. Com certeza todos nós vamos estar juntos neste grande evento”, diz o indígena Laucídio Ribeiro Flores, que é formado em Educação Física, professor e atleta. Ele, que é um exemplo na sua comunidade, acredita que a implantação da Vila Olímpica na reserva servirá de incentivo aos jovens buscarem também uma qualificação profissional e se aprimorarem na prática de esportes.
“O esporte aqui está cada vez melhor, mas notamos que as drogas também estão crescendo, quem sabe com o esporte essa realidade não pode mudar? Apesar dessa corrente do mal, quem sabe nossa aldeia não possa sediar os jogos dos Jims? Isso será inédito para nós!”.
Os ‘Jogos Indígenas do Mato Grosso do Sul’ (Jims) vai para sua 12º edição. São várias modalidades de jogos como arco e flecha, lança nativa, futebol, vôlei, corridas, cabo de guerra, entre outros. A Vila Olímpica possui espaços para a prática de todos esses esportes, ela poderá ser palco de grandes competições e também para os treinos. “Eu creio que se cada um fizer a sua parte mais longe iremos chegar, quem sabe um atleta daqui nas olimpíadas de 2016? Para nós isto será tremendo!”.
Além do futebol, que é o principal jogo praticado no Brasil e também na reserva de Dourados, outros jogos são aprimorados pelos indígenas que gostam de participar do Jims. “Aqui na nossa aldeia a lança não serve mais para a caça e para a pesca. Há 11 anos nós trouxemos à nossa aldeia jogos típicos indígenas, como o arco e flecha, cabo de força, a pesca e a lança nativa, pois nós enquanto indígenas não podemos perder nossas raízes” comenta. “A Vila Olímpica não será apenas um tipo de esporte, serão vários esportes, abrangendo todos os gostos. Isso é muito importante, principalmente para os jovens, é uma tremenda conquista!” comemora.
Seu irmão mais jovem, Rocleiton Ribeiro Flores também é atleta e já conquistou vários títulos. Ele está muito feliz em ter um local adequado para jogar com os seus amigos e pretende ganhar muitos campeonatos em Dourados. “É muito bom termos a Vila Olímpica aqui, porque vão acontecer muitos jogos na nossa aldeia, terão muitos eventos bons e é onde a gente pode se destacar. Todo atleta tem o sonho de poder ser campeão um dia e estou confiante em Deus que um dia a gente possa ganhar”.
Para ele, incentivar o esporte e a cultura é a solução para livrar as pessoas do caminho das drogas. “O esporte é o nosso meio de se agrupar com todos os povos. Quero agradecer muito ao Geraldo Resende que trouxe isso para nós”. “Não só para mim, mas para todos nós que estamos aqui nessa aldeia a tanto tempo, jamais foi feito tamanha conquista.
A Vila Olímpica era um sonho para o nosso povo e uma luz lá no final do túnel chamado Geraldo Resende, de repente tornou esse sonho real. Nós povos indígenas que moramos aqui estamos muito felizes” completa seu irmão Laucidio.
O advogado e coordenador Regional do Observatório de Direitos Indígenas de Mato Grosso do Sul, Wilson Matos da Silva observa que a obra da Vila Olímpica vai trazer muitas oportunidades melhorar a qualidade de vida e será um bom exemplo às outras comunidades indígenas do país. “Esse investimento para a prática de esporte e das atividades sociais visa a nossa autonomia e independência e isso representa para nós dignidade, qualidade de vida e reconhecimento dos povos indígenas. Sabemos que esse é um projeto fruto do trabalho do deputado Geraldo Resende que tem se sensibilizado para as questões indígenas”, conclui.
Para tornar possível a implantação da primeira Vila Olímpica Indígena, o deputado Geraldo Resende apresentou, no Orçamento Geral da União/2006, uma emenda individual de R$ 400 mil no Ministério dos Esportes e convenceu o ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) a destinar uma outra emenda de R$ 300 mil para a mesma obra. Além disso, a Prefeitura investiu, como contrapartida, mais R$ 180 mil, totalizando R$ 800 mil. Em 2008, Geraldo apresentou outra emenda de R$ 750 mil, sendo que o Estado está investindo mais R$ 83.333,33.