Máfia das próteses lucra mais que tráfico de drogas no País
06/05/2015 18h37
Médicos, advogados, empresas, gestores, vendedores e fabricantes recebem mais de R$ 5 bilhões por ano em propinas
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Máfia das Próteses recebeu na tarde desta quarta-feira (06) o representante da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE), o advogado Pedro Ramos. Em sua apresentação, o advogado afirmou que “a Máfia das próteses lucra mais que o tráfico de drogas no Brasil”.Segundo Ramos, os envolvidos com desvio e pagamento de comissões lucram em média R$ 5 bilhões ao ano. “Temos que criminalizar a propina médica. Antigamente existia advogado de porta de cadeia, hoje em dia temos advogados de porta de hospital", afirmou.Para o advogado, “é um absurdo que em 30 anos apenas 10 médicos tenham sido punidos por envolvimento nesta máfia. Tem médicos que já mataram gente e hoje continuam operando por meio de liminares. A CPI chama de máfia, o Fantástico chama de máfia e ninguém questiona, porque é sim uma máfia”.
“Todos os hospitais cobram uma sobretaxa em cima de órteses e próteses em torno de 30%, chamada de taxa de comercialização ou taxa de armazenamento. Quanto mais caro, mais lucram e por vezes a necessidade é o que menos importa. Os Conselhos e Associações sabem que existe corrupção, mas não punem ninguém”.Na sessão da CPI da terça-feira (05), a enfermeira Andrea Bergamini, consultora e especialista em órteses, próteses e materiais especiais falou sobre a judicialização de casos insólitos. “Estou analisando um caso de implante de 25 stents coronarianos em um mesmo paciente. Mais de R$ 200 mil. Isso é impossível".Ramos afirmou que agentes públicos também estão envolvidos nos casos de corrupção. "Um mesmo material médico custa R$ 500,00 para hospitais privados e R$ 2.000,00 para hospitais públicos com licitação. Tem algo muito errado nesta relação", afirmou.“A corrupção vai de bombom a lamborghini. É bombom para a secretária e lamborghini para médico. Estou tentando entregar ao Ministério da Saúde há três meses uma carta com todas essas denuncias e não consigo. Já o Ministério da Justiça se mostra parceiro”, afirmou Pedro Ramos.
O advogado defendeu que a máfia das próteses se assustou com a matéria exibida no Fantástico no dia 04 de janeiro, mas já voltou a atuar novamente. "No primeiro trimestre deste ano, 40% das cirurgias eletivas para colocação de próteses no país foram canceladas, se comparadas ao mesmo período do ano passado. Efeito Fantástico."Para o deputado Geraldo Resende (PMDB), presidente da CPI, essa sessão foi uma das mais importantes da Comissão. “As informações são graves e importantes. Na semana que vem vamos iniciar as convocações de empresas e médicos denunciados”, afirmou. A Comissão também ouviu o presidente da Unimed, Eudes de Freitas Aquino, e o presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados, Francisco Balestrin.