Um sonho e uma decisão

Todas as pessoas que me conhecem sabem que eu alimento um sonho, há muito tempo: ser prefeito de Dourados. Hoje, escrevo para dizer que abri mão deste sonho, neste momento. Ouvindo apelos de amigos que me acompanham desde quando fui vereador pela primeira vez, em 1993, e compreendendo que a minha vontade pessoal não pode prevalecer sobre o bem coletivo, adio um projeto pelo qual me empenhei nos últimos dias.

Não significa que eu esteja desistindo do meu sonho. Não. Este me acompanha e vai me acompanhar até que se torne realidade. E eu sei que isso vai acontecer. Meu recuo diante da possibilidade de disputar uma eleição para um mandato tampão tem, entre outros, o objetivo de poupar a cidade de um novo período de insegurança e de mais sofrimento.

Digo isso com a consciência de que o melhor caminho para Dourados agora é unir forças para ressurgir das cinzas, como uma fênix renascida. Diante de tudo o que sofremos neste último ano, seria injusto impor mais uma disputa eleitoral entre grupos interessados apenas em fazer prevalecer os seus interesses pessoais.

A descoberta de uma máfia que agia nos porões do poder municipal, drenando dinheiro público que deveria ser destinado a salvar vidas, para o bolso de bandidos inescrupulosos caiu como uma bomba de alto impacto em nossas cabeças. Ver os homens eleitos para zelar pelo bem comum se lambuzando em privilégios e traindo a confiança de milhares de cidadãos foi um golpe mortal na credibilidade de uma leva inteira de maus políticos, eleitos sob a facilidade da promessa vã e de nenhum respeito à população.

Vocês devem imaginar o grau de dificuldade de uma pessoa como eu, um “workaholic” assumido, um lutador intransigente, um político que, de tão persistente, às vezes é considerado chato – ao mesmo tempo, por aliados e adversários –, como é difícil abrir mão de um projeto no qual invisto há tanto tempo.

Essa talvez seja a maior prova de amor que posso dar à minha cidade neste momento. A hora é de união. A hora é de fortalecer o espírito coletivo e não poupar esforços para recuperar a auto-estima do nosso povo. Vencer as diferenças pessoais é pré-requisito para o sucesso da caminhada que nos levará de volta ao equilíbrio dos tempos.

Agindo assim, posso estar frustrando a sanha dos críticos mais ácidos que não perdem a oportunidade para tentarem me fustigar política e pessoalmente. Mas tenho, no fundo, a convicção de que essa é uma questão menor e o tempo se encarregará de mostrar de que lado está a razão.Por fim, reafirmo o meu compromisso de lutar com todas as minhas forças para ver vitorioso o projeto político que represente com mais consistência a vontade popular de ver a nossa cidade livre da ação impiedosa dos corruptos, dos marginais e dos maus políticos.

Recuo em uma posição pessoal hoje. Abro mão de um sonho, por hora. Porque sei que Deus me reserva um desafio maior e melhor ainda. Por Dourados, pela minha gente.

Médico e deputado federal (PMDB-MS)



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