Renais crônicos: questão de direitos humanos

Renais crônicos: questão de direitos humanos

Geraldo Resende

A revelação de que a crise vivida pelo sistema público de saúde de Dourados está comprometendo dramaticamente a vida dos pacientes renais crônicos nos deixou indignados. A notícia de que o quadro é mais grave também por conta da paralisação da ala de transplantes da Santa Casa de Campo Grande nos revoltou ainda mais.

Particularmente, para mim, é uma surpresa ruim. Reconheço o trabalho sério e competente que tem sido feito pela secretária de Saúde Beatriz Dobashi, mas sou obrigado a lembrar que o setor de transplantes de Mato Grosso do Sul já foi um dos mais eficientes do país. Orgulho-me de ter tido uma participação direta nessa conquista, estando à frente da Secretaria naquele momento. Proporcionalmente, naquela época, ocupávamos a segunda colocação em número de transplantes realizados no Brasil. Isso significa que temos a técnica e a experiência. Não é possível que depois de alcançar esse patamar a gente retroceda, causando mais sofrimento aos doentes renais.

Essa questão precisa ser encarada com decisões firmes. É preciso cobrar as responsabilidades da Secretaria de Saúde do Estado para que restabeleça, no menor espaço de tempo, a normalidade do setor de transplantes da Santa Casa de Campo Grande e que, ao mesmo tempo, adote as providências exigidas para permitir o credenciamento de outros hospitais que dêem vazão à demanda dos pacientes renais crônicos.

Estou disposto a ajudar no que for necessário para resolver o problema, é preciso dizer que até o momento, diferente do que nos informaram, não há nenhum projeto cadastrado no Ministério da Saúde, que nos permita acelerar o processo de implantação de uma nova estrutura capaz de atender com eficiência aos pacientes que precisam de terapia renal substitutiva, que é o nome técnico dado às sessões de hemodiálise.

Em conversa essa semana com o médico nefrologista, coordenador do setor de transplantes do HU da UFGD e presidente da Associação Médica de Dourados, Dr. Antônio Pedro, ficamos sabendo que por alguma falha nos procedimentos exigidos pelo Ministério da Saúde, o processo de cadastramento que possibilitaria a implantação do serviço de transplantes e de hemodiálise no HU não avançou.

Aproveito este espaço para reafirmar meu compromisso de lutar sem descanso pela melhoria das condições de saúde da população sul-mato-grossense. No caso específico dos pacientes renais crônicos, digo que defendê-los é uma questão de respeito aos direitos humanos. Não é digno submeter a um sofrimento maior quem já é obrigado a passar muitas horas por semana ligado a uma máquina.

Lembro que na luta por mais recursos para a saúde de Dourados e de Mato Grosso do Sul, obtive uma grande vitória ao assegurar R$ 16 milhões em emenda de bancada, no orçamento de 2010, para o investimento em estruturação de unidades de atenção especializada em saúde. Com estes recursos, será possível, por exemplo, implantar no HU de Dourados uma nova estrutura para atender os renais crônicos. Já determinei à minha assessoria que faça todos os procedimentos necessários e trabalhe em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde e com o Dr. Antônio Pedro para recuperarmos o tempo perdido.

Médico e deputado federal PMDB-MS


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