O SAMU de Dourados

O SAMU de Dourados

Geraldo Resende

Quem acompanhou de perto, lembra a luta que foi para a implantação do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Dourados. Tivemos que fazer um trabalho de convencimento exaustivo junto à administração municipal, que alegava dificuldades financeiras. No entanto, os gestores de então se renderam às evidências de que a segunda maior cidade do Estado não poderia ficar fora de um programa que, havia cinco anos, vinha dando certo em todo o país.

O resultado final foi que em 31 de março de 2008 o SAMU foi instalado em Dourados. A solenidade implantação contou, inclusive, com a presença do então coordenador geral de Urgência e Trauma do Ministério da Saúde, Cloer Vescia Alves. Desta forma, o município ficou equipado com o que há de mais avançado hoje no país para atendimento de urgência.

A notícia de que o SAMU poderia ser desativado em Dourados, essa semana, nos estarreceu e imediatamente fizemos diversas interlocuções para que isso não acontecesse. Além de disparar diversas ligações telefônicas para autoridades douradenses, estivemos em Brasília na Coordenadoria de Urgência e Trauma do Ministério da Saúde e conseguimos, felizmente, reverter a situação.

Aliás, nosso posicionamento não poderia ser diferente. É bom lembrar que quando secretário estadual de Saúde, criei, em 2001, a “Rede Saúde”, composta, entre outras estruturas, pelas UTI’s móveis, que entregamos em diversas cidades, cujo serviço era acoplado ao Corpo de Bombeiros. O modelo, pioneiro no país, foi um dos pilotos utilizados pelo Ministério da Saúde na criação do SAMU.

Este é um serviço altamente qualificado e imune às ingerências políticas. Talvez isso incomode alguns, mas é bom que seja dessa forma, pois a população não pode ficar à mercê dos humores deste ou daquele político de plantão.

Ficamos felizes com o fato de que o Conselho Municipal de Saúde e o Ministério Público também foram ágeis em utilizar os instrumentos a seu dispor para exigir que o SAMU não fosse desativado, pois mesmo que em seu lugar fosse criada a Central de Ambulâncias, a medida seria um retrocesso, pois a cidade também perderia a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que está em vias de ser construída no município.

Na verdade, a desativação do SAMU traria prejuízos enormes à população douradense, pois o Município teria que devolver as quatro ambulâncias doadas pelo Ministério da Saúde: duas de porte básico, uma de porte avançado e um de reserva técnica, bem como a “motolândia” que recebe. Além disso, perderia o repasse mensal de R$ 71,5 mil destinado ao custeio do serviço e jogaria fora todo o trabalho de capacitação dos profissionais que, muito bem, ali atuam.

Aliás, pelo que fiquei sabendo no Ministério da Saúde, até hoje não houve nenhum caso, em todo o país, de devolução das ambulâncias e desativação do SAMU. Se acontecesse em Dourados, seria a primeira vez desde que o programa foi criado, em 2003. Definitivamente, esse não é o tipo de pioneirismo que a cidade precisa.

Médico e deputado federal PMDB-MS


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