Leia o artigo de Geraldo Resende: O futuro de Dourados

O futuro de Dourados

Após a prisão do prefeito de Dourados e sua esposa, o vice-Prefeito, diversos secretários municipais, vereadores, presidente da Câmara, servidores municipais e empresários pela Polícia Federal na manhã do dia 1 de setembro, fiquei a pensar: qual o futuro da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul? Como os quase 200 mil habitantes estão encarando o fato de sua cidade ser manchete negativa em quase todos os jornais, sites de notícias e programas de televisão do país, nesse momento doloroso para a cidadania?

Como a população, em processo eleitoral, deixou se levar pelo canto do prefeito agora preso, uma pessoa que cresceu politicamente praticando o fisiologismo (transporte de doentes, costume de dar tapinhas nas costas, empréstimos de vestidos de noiva, doação de bolos de aniversário, comparecimento ostensivo em velórios de desconhecidos, etc) mas que não teve condições de governar o município, tal a quantidade de escândalos desde que assumiu?

Analisando a situação do município no contexto regional, Dourados tem um enorme peso. Segundo o IBGE, o município é polo, capital regional do sul do Estado, do porte de Presidente Prudente, Bauru, Marília, Uberaba. De Maracaju e Rio Brilhante para baixo, todos os municípios são polarizados economica e socialmente por Dourados.

Essa condição geográfica única permite que a região, que teve seu desbravamento iniciado por Getúlio Vargas, com a instalação da Colônia Agricola nos anos 1930, tenha um processo de desenvolvimento diferente de Campo Grande. Do ponto de vista populacional, a região de influência de Dourados, tem enorme peso no PIB de MS e nas eleições. Mas isso é assunto para outro artigo.

Dourados é uma cidade interessante, urbanisticamente. Fundada com um sítio urbano com traçado em malha xadrez, passagem para a fronteira do Estado com o Paraguai, logo virou corredor de exportação. Marcelino Pires e outros fundadores, tiveram visão de futuro e colocaram a cidade próxima de suas fazendas. Com o crescimento urbano após a instalação da Colônia Agrícola e a crise da Companhia Mate Laranjeira, Dourados assume a condição de pólo do sul de Mato Grosso e com as melhores terras para plantio do país, começa uma corrida em sua direção de diversos migrantes.

Nos anos 1960 e 1970 o município consegue participar de planos de desenvolvimento regional do governo federal e diversos investimentos são implantados, em especial os rodoviário e abastecimento agrícola. Mas Dourados tem peculiaridades que poucos municípios tem. O município, celeiro da soja e de outros grãos, atraiu uma infinidade de famílias do sul do Brasil que se juntaram aos fundadores e aos nordestinos da antiga Colônia e fundam uma sociedade moldada do espírito empreendedor.

Sede da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, por emenda constitucional do deputado Walter Carneiro, Dourados veio ter a UEMS décadas depois, por ato do governador Pedrossian. Antes dele ninguém teve coragem de levar esse sonho adiante. Agora recentemente com a UFGD e com a Unigran e outras, Dourados tem mais universidades públicas que Campo Grande e isso é um fato científico que deveria provocar uma ampla discussão da importância do município nesse contexto regional e estadual.

Dourados tem um enorme potencial de desenvolvimento, pessoal técnico de qualidade, profissionais competentes, mas tudo isso vira pó quando a população elege um prefeito que não se insere nesse processo e sim numa popularização do mandato, desqualificando os técnicos e transformando a administração num balcão de negócios. Assim não tem quem aguente, nem o município nem o povo.

Por isso, depois desse “furacão” que passou pela nossa cidade, precisamos articular um movimento para tirar Dourados e seu povo das páginas policiais e devolvê-la a sua condição natural. E que a cidade possa voltar a brilhar. Para tanto, porém, é preciso que nosso povo pense melhor na hora de votar para prefeito nas próximas eleições municipais.



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