Bolsa Copa também para MS
Bolsa Copa também para MS
Geraldo Resende
Quero dividir com os leitores uma alegria e uma preocupação. A alegria é de ver a boa iniciativa do governo federal em criar mais um programa social - o Bolsa Copa, lançado no dia 26 de janeiro deste ano - que vai beneficiar com um complemento salarial os policiais civis, militares e bombeiros que tiverem envolvimento direto nas ações de segurança das cidades sedes da Copa de 2014.
A tristeza é por chegar à conclusão de que esse programa é excludente e acaba privilegiando uma minoria de Estados, aprofundando, ainda mais, as desigualdades regionais.
A idéia de valorizar o trabalho dos profissionais que todos os dias deixam as suas casas e colocam suas vidas a serviço da tranqüilidade e da segurança da população brasileira é muito significativa. Mas é um erro privilegiar apenas os locais onde vão acontecer os jogos da Copa, como se o restante do país não vivesse situação de extrema angústia diante do aumento da violência e da criminalidade.
Veja o exemplo de Mato Grosso do Sul. Aqui não haverá jogos da Copa. O que não quer dizer que os índices de crimes violentos não justificassem a extensão da nova política de governo que, na prática, vai apenas garantir um salário mais justo, condizente com os riscos que correm os policiais. A proximidade com a fronteira do Paraguai e a Bolívia nos coloca como área de risco permanente para a ação dos narcotraficantes, do contrabando de armas e da ação das máfias. Mesmo assim, estaremos fora da linha de beneficiados pelo Programa.
Minha preocupação fica ainda maior, tendo em vista que os valores ofertados pelo Programa serão incorporados aos rendimentos desses profissionais nos anos seguintes ao Mundial, ressaltando ainda mais a defasagem nos salários dos agentes de outras localidades.
O Programa é contraditório e soa como uma provocação por ser editado exatamente quando milhares desses profissionais acabam de desencadear em Brasília uma imensa mobilização por maior igualdade e equilíbrio entre as regiões. É importante ressaltar que vivemos em uma República norteada por um pacto federativo, onde trabalhadores, de uma maioria de Estados, 15 no total, por não residirem nas cidades sedes da Copa do Mundo, não podem ser negligenciados dessa forma.
Por isso, fiz da tribuna da Câmara, essa semana, um apelo às autoridades federais que sejam sensíveis à essa demanda. Não pode ser em vão uma luta que inclusive já custou a vida de policiais, que se dirigiam a Brasília na semana passada e foram vítimas de um acidente de carro. Nesse caso, literalmente, os policiais de Mato Grosso do Sul: Oscar Castello, Adevaldo Alves e Francisco Valenzuello Lopes, este último, diretor regional da Associação de Cabos e Soldados de Dourados - deram a própria vida em defesa da garantia de uma remuneração mais digna.
Por tudo isso e para corrigir essa distorção inaceitável, encaminhei um requerimento ao Ministro da Justiça, Tarso Genro, solicitando providências imediatas no sentido de incluir todas as Unidades Federativas no Programa Bolsa Copa. É uma questão de coerência e Justiça.
Médico e deputado federal PMDB-MS