Aos céticos e incrédulos
A sensação do dever cumprido. É esse o estado de espírito que vivemos após a bela festa de inauguração da Vila Olímpica Indígena, o primeiro complexo de esporte e lazer voltado à comunidade indígena. A alegria aumenta na medida que entendemos a obra como um instrumento capaz de promover mudança profunda na vida de milhares de crianças e jovens da Reserva de Dourados.
Acreditamos que não basta mudar conceitos, mas transformar a realidade, criando meios e condições para que possamos ter melhor qualidade de vida, livre dos males do vício e da violência. Daí nossa luta em viabilizar a construção de praças de esporte e lazer, tornando os espaços públicos locais de convivência social e de integração do jovem e da família na comunidade.
Ao idealizarmos a construção da Vila Olímpica Indígena não pensamos na alta competição, mas na solução de um problema social grave, diante da falta de perspectiva em nossas aldeias. É grande nosso contentamento ao constatarmos que a Vila Olímpica teve uma grande receptividade pela comunidade indígena, que poderá realizar atividades esportivas, físicas e de lazer, independentemente do objetivo de superar índices ou de apenas sentir-se integrado ao meio ambiente, sentir-se satisfeito pela convivência com as pessoas.
É inegável a satisfação geral por essa alternativa de esporte e lazer que busca a alegria, o divertimento, o prazer e a sociabilidade, a abertura de novos horizontes, a participação e a inclusão. É inegável também o fato de que os mais céticos, aqueles que criticavam a iniciativa, ficaram boquiabertos com a qualidade e beleza da obra.
Nosso desafio não terminou. É preciso agora a conjugação de esforços para melhor aproveitamento desse espaço que é de todos, buscando recursos à sua manutenção e desenvolvendo ali atividades diárias e competições do calendário esportivo estadual, como os Jogos Indígenas. Nesse aspecto as universidades locais poderiam dar uma grande contribuição.
Aos céticos que apostam no quanto pior melhor, eis a obra, pronta e acabada, para ser usufruída e assegurar melhor qualidade de vida à população indígena.
Quando decidimos lutar pela Vila Olímpica, tomamos a iniciativa motivados pela dantesca situação vivida nas aldeias, onde a imagem de crianças acometidas de desnutrição severa se comparava ao retrato da fome na África.
Fomos testemunhas daquele quadro de triste memória e desde o trabalho da Comissão Especial da Câmara da qual fizemos parte compreendi que, ao lado de programas de segurança alimentar, a única alternativa, para aquela situação era construir um espaço onde as crianças, adolescentes e jovens pudessem se proteger da violência, do álcool e das drogas. Eles que representam 65% da população indígena.
Apostamos no projeto da Vila Olímpica. Não titubeamos diante das resistências, dos obstáculos e da incredulidade de poucos setores. Enfim, veio a recompensa, a satisfação e a consciência do dever cumprido. A Vila Olímpica Indígena deve se somar a outras ações sociais integradas, desenvolvidas pelos governos federal, estadual e municipal para que a comunidade indígena passa, enfim, viver uma nova realidade e também contribuir e usufruir do desenvolvimento.
Geraldo Resende é médico e deputado federal pelo PMDB - MS