Amamentar – um ato de saúde e amor
Em 150 países de todo o mundo comemorou-se, de 01 a 07 de agosto, a Semana Mundial da Amamentação (SMAM), idealizada pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (Waba) para promover, proteger e apoiar o aleitamento materno.
Aqui no Brasil, até domingo, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria fizeram campanha de estímulo às mães para amamentar os filhos até os dois anos de idade, conforme orienta a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Como médico, especialista em ginecologia e obstetrícia, quero salientar que o leite materno não substitui nenhum outro alimento nos seis primeiros meses de vida do bebê, e que a amamentação é um ‘santo remédio’ para a saúde física e psíquica tanto da mãe, quanto do filho.
A OMS considera como ideal que pelo menos 80% das crianças menores de seis meses tenham no aleitamento materno um alimento exclusivo. No Brasil, esse índice é de 41%. Isso significa que nós ainda estamos num patamar baixo, apesar do tempo médio do período de aleitamento materno no País ter aumentado um mês e meio, de 1999 a 2008.
A campanha de incentivo ao aleitamento deste ano chama a atenção para a conscientização de que a mulher, para amamentar, precisa do apoio de todos. Dos diversos segmentos da sociedade, da mídia, dos formadores de opinião na divulgação deste importante ato. Dos familiares que devem proporcionar tranquilidade e respeitar o tempo precioso da mãe amamentar o filho, assumindo as tarefas domésticas e demais afazeres no período necessário, liberando a mulher para amamentar. Dos empregadores, no cumprimento e na garantia dos seis meses de licença-maternidade e ainda, no oferecimento de ambientes apropriados, como salas de apoio à amamentação para a volta da mãe ao trabalho.
Por ser considerado um alimento completo e suficiente para garantir o crescimento e o desenvolvimento da criança, o leite materno ingerido até o sexto mês de vida ajuda a reduzir a mortalidade de crianças menores de cinco anos em todo o mundo. A amamentação faz bem para a saúde do bebê, que recebe proteção contra diarreia, infecções, alergias, colesterol alto, diabetes e obesidade. Traz vantagens também para a mãe, diminuindo o sangramento pós-parto e as chances de que tenha anemia, câncer de mama e de ovário, diabetes e infarto cardíaco.
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria mostram que, em média, bebês de seis a oito meses obtêm 70% de suas necessidades energéticas no leite materno. Os que possuem de nove a 11 meses têm 55% e os com 12 a 23 meses detêm 40% das necessidades nutricionais com o leite materno.
Ademais, além de todos os benefícios ora citados, bem como estabelecer vínculo afetivo entre mãe e filho, concluímos com a certeza de que amamentar é a forma mais barata e adequada de alimentar os bebês. Em 2004, o gasto médio mensal com a compra de leite para alimentar uma criança nos primeiros meses de vida no Brasil variou de 38% a 133% do salário-mínimo, dependendo da marca da fórmula infantil.
Aproveito para enfatizar a importância dos Bancos de Leite Humano no Brasil, bem como estimular a doação. Nos primeiros dias após o parto, as mães produzem uma quantidade de leite acima das necessidades do seu filho que pode ser doada ao Banco de Leite. Esse ato de amor salva vidas de bebês prematuros (maioria dos casos), doentes internados, além de proteger contra o HIV e contra a desnutrição.
Médico e deputado federal (PMDB-MS)