Geraldo Resende defende auditoria e ‘intervenção branca’ no HCAA

O parlamentar se reuniu com a diretoria do hospital e pediu a imediata suspensão da paralisação enquanto se discute medidas para solucionar a crise financeira do HCAA

Diante da greve iniciada pelos médicos do HCAA (Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão) nesta terça-feira (23), o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) defende que seja realizada uma auditoria pelo AGSUS (Auditoria Geral do SUS) em conjunto com as secretarias de saúde do Estado e Município, nos contratos do hospital, bem como uma ‘intervenção branca’, onde seriam designados representantes das secretarias municipal e estadual de saúde, para integrar o conselho administrativo do HCAA. 

O parlamentar se reuniu com a diretoria do hospital e pediu a imediata suspensão da paralisação enquanto se discute medidas para solucionar a crise financeira do HCAA. “Estou indignado e preocupado com essa greve que atinge os pacientes oncológicos do HC. Vou solicitar ao Ministério Público e às secretarias municipal e estadual de saúde, para prontamente restabelecer a normalidade dos atendimentos. São 60 consultas/dia que não serão realizadas e por consequência, diagnósticos precoces que poderiam elucidar e iniciar de imediato, tratamentos contra diversos tipos de câncer”, afirma Resende.

Os médicos cobram a regularização dos pagamentos, dos contratos dos integrantes do corpo clínico, dos serviços de patologia e exames de imagens (ressonância magnética e cintilografia óssea), que são essenciais aos diagnósticos e segmentos de tratamentos. A diretoria do HCAA alega um déficit de R$770 mil por mês na contratualização com o Governo do Estado, Prefeitura de Campo Grande e Governo Federal. 

Geraldo Resende ressalta que essa ruptura expõe a urgente necessidade de rediscutir as formas de financiamento dos serviços prestados pelo hospital, uma vez que o HCAA é uma instituição privada filantrópica, mantida com doações e principalmente, com parcerias, repasses e convênios celebrados com o poder público. “Enquanto estive à frente da SES, destinamos recursos para custeio, compra de equipamentos e para a edificação do prédio que por sinal, está bem lenta a obra. Aliás, é inadmissível depois de receber tantos recursos, o Hospital de Câncer possuir dívidas com empréstimos e fornecedores. Por isso apontamos a intervenção com representantes da Sesau e SES, auditoria pelo AGSUS e uma união de forças entre os envolvidos para solucionar os problemas do Hospital de Câncer. Os pacientes que já sofrem com uma doença tão perversa não podem ‘pagar o pato’ por causa dessa queda de braço”, aponta Resende. 

Conforme informações do Hospital de Câncer, o hospital recebe R$3,2 milhões mensais divididos entre União, Estado e Município. Destes recursos, R$515 mil são destinados mensalmente para o pagamento de empréstimos que totalizam R$16 milhões. Além dos empréstimos, o HCAA possui débitos de R$8 milhões com fornecedores.

Iniciada em 2009, a obra do prédio do HCAA, na Rua Marechal Rondon, no centro da cidade, foi paralisada por falta de recursos próprios do hospital. Em 2012, o governo do Estado assinou convênio com a instituição garantindo R$9 milhões de recursos próprios para a construção dos outros sete andares do edifício e R$550 mil de aditivo para as instalações elétricas. Além disso, o governo repassava R$380 mil mensais para auxiliar nas obras.

Em 2015 cerca de R$15 milhões de recursos próprios do Estado foram investidos no término de dois pavimentos do hospital, sendo o subsolo e o térreo do prédio, que entraram em funcionamento no final do ano de 2016. Além do aporte de mais de R$15 milhões para a obra física, o Estado enviou R$6 milhões em 2021 para o hospital comprar aparelhos de ar-condicionado. No ano passado, em seu último ano de gestão, o governador Reinaldo Azambuja assinou termo de compromisso para transferência de R$16 milhões do Estado para a conclusão do prédio.

O deputado Geraldo Resende também defende um amplo plano de gestão oncológica para agilizar a grande demanda de exames e tratamentos que, de acordo com o parlamentar, ainda está em defasagem no Estado. “Estamos em um ciclo vicioso onde se gasta mais quando a doença se encontra em estadio avançado e com tratamentos agressivos (quimioterapia e radioterapia), ao invés de investir na prevenção e no tratamento precoce quando a maioria dos cânceres têm 100% de probabilidade de cura”, pontua.

Enquanto o impasse segue em MS, o Inca (Instituto Nacional de Câncer), órgão ligado ao Ministério da Saúde, trouxe um panorama preocupante quanto à evolução do câncer em Mato Grosso do Sul.

Nos próximos três anos devem surgir quase 30 mil novos casos. Entre os principais tipos estão: próstata, câncer de mama, cólon e reto. Ao todo, são esperadas 4.800 novas ocorrências entre os homens a cada ano, já entre as mulheres o número deve chegar a 5.050 novos casos.

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