Vila Olímpica Indígena resgata dívida social, diz Geraldo

Obra é inaugurada com festa e presença do governador André Puccinelli, do prefeito Murilo Zauith, deputado federal Geraldo Resende, deputados estaduais Zé Teixeira e Laerte Tetila e lideranças indígenas

O deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS) disse, durante inauguração da Vila Olímpica na Reserva de Dourados, que a obra resgata mais uma grande dívida da sociedade com a comunidade indígena - a falta de espaço à prática de esporte e lazer.

A Vila Olímpica Indígena foi inaugurada nesta segunda-feira, 9 de maio, com apresentações de coral de crianças do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), quarteto de Rap, e danças típicas Guaraní-Kaiowá e Terena. Depois do Coral Curumim Verá, do PETI, e do Rap, um grupo de meninas terenas, formado em 1960, mostrou uma coreografia festiva, de agradecimento, seguida pela dança do bate-pau, apresentada por crianças, jovens e adultos.

O governador André Puccinelli, o prefeito Murilo Zauith e os deputados estaduais Zé Teixeira (DEM) e Laerte Tetila (PT), além de lideranças indígenas, prestigiaram o evento. O ministro do Esporte, que já tinha embarcado para participar da solenidade, teve que suspender a viagem em razão de uma pane na aeronave que o traria a Mato Grosso do Sul.

Geraldo Resende, autor das emendas que viabilizaram recursos para a obra, disse que a ideia de construção da primeira Vila Olímpica Indígena do Brasil nasceu ainda em 2005, quando se deparou com o “quadro dantesco” da morte de crianças por desnutrição nas aldeias Jaguapiru e Bororo. Situação que produziu imagens semelhantes às que retratavam a fome na África e foram divulgadas pela imprensa nacional e mídia internacional.

Naquele ano, Geraldo, diante da amargura pela fome e a violência nas aldeias, decidiu defender políticas públicas para melhorar as condições dos índios, começando pela atenção básica à saúde indígena, seguida da reconstrução da escola Guateka . Durante a solenidade de inauguração da Vila Olímpica, Geraldo disse que agora o desafio é garantir mais segurança e criar condições para assegurar renda aos índios com a venda de artesanato.

O deputado também reafirmou a proposta, feita ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de instalação de um Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) para atender dependentes de drogas e álcool. O tráfico de drogas é hoje o principal problema social na reserva, segundo o vice-cacique Leomar Mariano, da aldeia Jaguapiru

Geraldo mencionou a filha do líder guarani Marçal de Souza, Edna Souza, para quem só alguém com “alma indígena” teria a sensibilidade demonstrada pelo deputado para encampar uma obra dessa importância. “Essa obra vira páginas amargas da reserva, vai melhorar a qualidade de vida e dar uma nova perspectiva de futuro”, disse o deputado, citando a menina Géria como exemplo de luta pela sobrevivência. Géria aparecia nas imagens sobre desnutrição severa que vitimava crianças nas aldeias. Hoje ela está ‘alegre e saltitante” .

A entrega das chaves da Vila Olímpica, que terá um conselho gestor indicado pela comunidade em comum acordo com a Prefeitura, foi feita aos vice-caciques Aniceto e Leomar, das aldeias Bororó e Jaguapiru, e ao cacique guarani Renato de Souza. Geraldo pediu uma gestão responsável do novo espaço e agradeceu os indígenas Raul Nunes e Estevo Martins, que doaram a área onde foi construída a Vila Olímpica.

Leomar saudou as autoridades e fez reivindicações para reforço da segurança na reserva, onde o problema maior é o tráfico de drogas. Geraldo prometeu insistir com gestões no Ministério da Justiça para instalação de um posto avançado da Polícia Federal dentro da reserva. Também defendeu a construção de um espaço onde os indígenas possam comercializar seu artesanato.

O governador André Puccinelli destacou também o alcance da obra com instrumento de inclusão social e criticou a falta de políticas efetivas e colaboração da Funai (Fundação Nacional do Índio) para dar melhores condições de vida aos índios. O governador destacou a ‘persistência’ do deputado Geraldo Resende, atribuindo sua personalidade ao sucesso na obtenção de verbas federais a diversos projetos. “É um deputado que orgulha Mato Grosso do Sul”, afirmou Puccinelli.

VILA OLÍMPICA

O projeto da Vila Olímpica foi iniciado em 2008 e teve investimentos de R$ 1,6 milhão, somando emenda da Comissão de Desporto (proposta pelo deputado Geraldo Resende) no valor de R$ 750 mil e emendas individuais de R$ 400 mil, de autoria de Geraldo, e R$ 300 mil do ex-deputado, Fernando Gabeira (PV/RJ), além de contrapartidas da Prefeitura (183 mil) e do governo do Estado (R$ 80 mil). O deputado estadual Laerte Tetila (PT) lembrou dessa conjugação de forças e parabenizou Geraldo Resende por ter encampado o projeto.

A obra foi construída em área de 29 mil metros quadrados, na divisa das aldeias Jaguapiru e Bororo, dentro da Reserva Indígena de Dourados. O complexo dispõe de Ginásio poliesportivo coberto com equipamentos para a pratica de vôlei, futsal, basquete e handebol, além de arquibancada, banheiros e tribuna de honra para autoridades. Sua cobertura metálica possui traçado que assemelha-se ao formato de uma oca. Há ainda parque Infantil em espaço circular, com balanços e escorregadores, numa estrutura que simula, no andar superior, uma sala de aula, com mesa e cadeiras. Há também dois campos de futebol e prédio administrativo.


Governador André Puccinelli e Geraldo Resende entregam chaves da Vila Olímpica a caciques das aldeias Bororó e Jaguapiru.
Índios apresentam a Dança da Guerra, conhecida como a dança do bate-pau.
Jovens e crianças terena apresentam a Dança do Agradecimento durante festa de inauguração.
Vice-cacique Leomar discursa e agradece empenho de Geraldo Resende na obra da Vila Olímpica.
Governador André Puccinelli destaca em discurso perseverança de Geraldo Resende.

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