Cealcool discute os perigos do álcool na gravidez
18/10/2011 - 17h18min
Os efeitos da ingestão de bebidas alcoólicas durante a gravidez é uma das principais causas da má formação de fetos e problemas cognitivos. Mas pouca gente sabe disso. Diante desse quadro, a Comissão Especial sobre o Consumo de Bebidas Alcoólicas da Câmara (Cealcool), presidida pelo deputado federal Geraldo Resende (PMDB), realizou audiência pública hoje à tarde para discutir o tema.
A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) decorre do abuso de álcool durante a gravidez. De acordo com o professor de medicina e coordenador do Programa Acadêmico de Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Mauro Braz de Lima, a incidência da SAF supera a síndrome de down. A cada mil nascidos vivos, um se torna vítima da síndrome.
No entanto, o problema pode ser evitado. Especialistas são unânimes ao afirmarem que informar a população sobre os perigos da ingestão de álcool durante a gravidez é a melhor arma para acabar com o problema. "Se não beber, não existe a SAF. É um problema 100% evitável", enfatiza o professor.
De acordo com José Mauro, o problema passa despercebido, inclusive, por muitos médicos. Isso porque os sintomas variam muito e a falta de informação novamente predomina.
Alternativa legal
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, defende que alertas sobre os riscos do consumo de álcool sejam fixados nas embalagens das bebidas, a exemplo do que ocorre com o cigarro há alguns anos.
Para ele, é preciso mais rigor na legislação e classificou de "ridículas" algumas sentenças proferidas em julgamentos quando há o envolvimento de álcool em crimes e acidentes. "A grande vítima da SAF é o filho, o inocente. Com vontade política, respeito e coragem é possível mudar a situação", disse.
Presidente da comissão que analisa os efeitos do consumo abusivo de álcool, o deputado Geraldo Resende defende ações imediatas para, pelo menos, reduzir os danos provocados pelas bebidas alcoólicas. "Esta é uma verdadeira epidemia que tomou conta de todo o país, um problema que não pode ficar restrito aos corredores do Congresso", avalia.
O parlamentar acredita que debater as questões, como ocorreu esta tarde, é fundamental para que os problemas venham à tona, "pois só assim poderemos combate-los".
