CPI da Máfia das Próteses e Órteses ouve denunciados

26/05/2015 18h36

Representantes de empresas citadas em reportagem do Fantástico prestaram depoimentos

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a Máfia das Próteses e Órteses, presidida pelo deputado Geraldo Resende (PMDB/MS), ouviu na tarde desta terça-feira (26) representantes de empresas citadas na reportagem do Fantástico que denunciava o esquema de corrupção envolvendo médicos, fabricantes e fornecedores de próteses, órteses e materiais especiais, planos de saúde e até o Poder Judiciário, o que resultou na criação da CPI.

O primeiro a ser ouvido seria o representante da Orcimed, Décio Galdão Soto, mas ele usou do direito constitucional de permanecer calado e foi dispensado pelo membros da comissão diante da recusa em responder as questões colocadas.

Em seguida, foi chamado Orlandir Paula Cardoso, da Síntese Comércio Hospitalar, que falou sobre a diferença de preços cobrados entre um estado e outro para o mesmo produto. Segundo ele, o valor é influenciado pela logística de transporte, que encarece de acordo com a distância. Porém, os deputados questionaram o fato de regiões muito próximas também terem orçamentos diferentes. “Apresentamos o orçamento de acordo com o convênio, por isso pode haver essa variação mesmo em regiões próximas umas das outras”, justificou.

Orlandir disse fornecer materiais tanto por meio de licitações quanto por contratos emergenciais em hospitais públicos de Tocantins e Goiás e reconheceu que concede descontos para médicos. ”Não pagamos comissões a médicos, mas damos descontos. Já ouvi falar pelo rádio e televisão de alguns cartéis, mas não faço parte de nenhum deles”, disse Orlandir.

O terceiro a ser ouvido foi Junior Cesar Gusson, da Gusson Equipamentos Médicos e Hospitalares. Ele disse ser inocente, apresentou o código de conduta de sua empresa, mas também reconheceu que concede descontos de 10%, embora tenha enfatizado que não considera isso como uma prática ilegal. “O que dou não é propina, é um desconto,” repetiu diversas vezes.

Sobre os casos envolvendo cirurgias desnecessárias e a danificação proposital de próteses para que se comprassem novos materiais e aumentassem o valor das comissões, Gusson garantiu não ter conhecimento. “Não acredito em cirurgias desnecessárias, na minha empresa isso não existe. Não sei se há danificação intencional de próteses, mas existem bons e maus médicos, como em qualquer profissão,” afirmou.

A CPI tinha a expectativa de ouvir ainda Bruno Garisto Junior, da Brumed Implantes, mas ele também utilizou-se do direito de permanecer calado e limitou-se a entregar um documento constando os esclarecimentos que já havia prestado ao Ministério Público.

Próxima audiência

Na quarta-feira (27), o destaque será o depoimento do médico Fernando Sanchis, acusado na reportagem de indicar cirurgias desnecessárias para pacientes em troca de comissões, além de prescrever cirurgias em nome de outros médicos, falsificando assinaturas. Em depoimento na terça-feira passada (19), o médico Henrique Cruz, que fez residência com Sanchis, reforçou as denúncias e afirmou que seu nome era usado em pedidos de cirurgias e orçamentos sem seu conhecimento, o que ficou comprovado posteriormente por meio de uma perícia que constatou que a assinatura de Cruz nesses documentos era falsa.

Também será ouvido na quarta o médico Alberto Kaemmer, que denunciou a máfia no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, pondo fim ao esquema que funcionava no local. Além dele, vai depor o diretor do Hospital Bom Sucesso, do Rio de Janeiro, citado nas denúncias.



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