Geraldo destaca intervenção do MPF na crise da saúde em Dourados
O Ministério Público Federal de Dourados abriu 18 inquéritos para apurar a crise na saúde pública de Dourados. As investigações foram registradas no Diário Oficial da União em três dias, entre 27 de fevereiro a 01 de março deste ano. O assunto veio a tona em pronunciamento do deputado federal Geraldo Resende (PMDB) em Brasília esta semana. Na ocasião o parlamentar destacou a atuação do Ministério Público Federal (MPF) de se resolver de imediato, ao menos os problemas mais urgentes dos pacientes e apurar as causas de eles estarem acontecendo.
Segundo o parlamentar, os inquéritos variam de problemas simples como fornecimento de remédios, marcação de consultas, a cirurgias ginecológicas, que estariam se tornando transtorno na cidade. “No Diário Oficial estão os relatos de pessoas que tentam há meses, por exemplo, uma cirurgia de retirada de útero, como é o caso de uma idosa que precisa da internação e procedimento no Hospital Universitário”, destaca.
O deputado diz que a atuação do MPF reforça as manifestações do parlamentar na Câmara Federal anteriormente. “Isto comprova que as minhas denúncias eram imprescindíveis num momento difícil pelo qual passa a minha cidade de Dourados. Não se tratava de oportunismo de minha parte como quiseram mostrar, em forma de ataques, alguns políticos que nada fazem pelo município. Quero dizer a eles, que luto sim com todas as minhas forças para defender os interesses da população e principalmente dos mais humildes que são os que mais sofrem com a crise da Saúde. Vou continuar denunciando e lutando por uma melhor qualidade de vida da população, honrando assim a confiança que sempre tive do meu povo”, destaca.
Segundo o deputado, são várias as reclamações da população e que estão denunciados na Justiça. No inquérito 0336/2012, uma senhora ingressou na Justiça para ter o direito de realizar um exame de mamografia pela rede pública, uma vez que precisa do acompanhamento acerca do crescimento de um nódulo que tem no seio. Ela relatou que necessita da mamografia desde junto de 2011, mas seu pedido de exame, que foi entregue a uma agente pública foi extraviado. Em janeiro a paciente foi atendida por um novo médico, que pediu um novo exame. O documento foi entregue na Secretaria do posto CSU do jardim Água Boa. Dias depois, ao procurar a unidade de saúde, a paciente foi informada que o pedido dela foi encaminhado para uma clínica que realiza o exame, não sabendo informar se onde estava o pedido ou se tinha perdido o exame.
No inquérito 0354/2012 um senhor busca a realização de sessões de fisioterapia, tendo em vista que após pedido do médico o paciente, depois de três meses, ainda não conseguiu iniciar o tratamento. Na representação 4105/2011, uma paciente busca a realização de exames como teste ergométrico, mamografia, endoscopia, fisioterapia, ultrassonografia, além de consultas com um psiquiatra e com endocrinologista. Segundo a paciente, ela já solicitou por vários meses os pedidos de consulta e exame, mas não tem resposta do posto do Santo André.
No inquérito 125/2012, um paciente busca a aquisição de uma prótese necessária para a locomoção, já que teve o membro inferior esquerdo amputado em março de 2011. Até agora a vítima permanece sem resposta sobre o pedido. Na representação 7813/2011, uma mulher busca tratamento para o irmão que sofre de esquisofrenia. No documento ela alega ao procurar ajuda foi informada que não há vagas no HU. Ela diz que já deixou o emprego para ter que cuidar do irmão, no entanto a doença estaria se agravando e a vítima estaria sem nenhum tipo de medicação.
No inquérito 6126/2011, um homem busca medicamentos para o filho que sofre de transtorno Bipolar. Ele foi informado que a Secretaria de Saúde não fornece o medicamento, devendo ele comprar. No inquérito 400/2012, uma mulher denuncia omissão no atendimento médico para o filho. O MPF relata que no dia 27 de janeiro deste ano, o menino, que sofre de hidrocefalia, teve uma crise convulsiva, mas não teria sido atendido pelo Hospital da Vida, uma vez que o nefrologista de plantão alegou não ser o médico que acompanha o caso. Ao contactar o profissional que atende a acriança, este teria se negado ao socorro, alegando que o menino deveria ser atendido pelo médico de plantão. A internação da criança só foi possível via intervenção do MPF.No inquérito 0456/2012 uma servidora denuncia desvio de função. Segundo ela, ao recusar ser removida para outra atividade teria passado a ter assédio moral. No inquérito 3054/2011 uma paciente de artrite e rematóide e que necessita do uso do medicamento ácido zoledrônico 5 mg uma vez ao ano. O referido não estaria sendo fornecido pela rede pública.
No inquérito 338/2012 uma mulher busca um tratamento médico para a filha, que sofre de asma. A peregrinação as unidades de saúde de Dourados teria começado em 2011 para marcar um exame de espirometria. Até o momento o pedido não teve êxito, segundo o MPF.
Na representação 6271/2011, um paciente busca a realização de um exame denominado vectoeletronistagmografia. A Prefeitura Municipal informou não realizar o procedimento, mas que o exame foi objeto de da Chamada Pública em 2011, objetivando suprir a demanda e que o serviço estaria sendo prestado no início de 2012, o que não ocorreu até o momento, segundo o MPF.No inquérito 7110/2011, uma paciente de 60 anos busca a uma cirurgia de retirada do útero. A paciente já teria tentado por diversas vezes agendar o procedimento, inclusive tendo feito mais de uma vez uma séria de exames para a realização da cirurgia, que acabaram vencendo antes que a paciente tivesse êxito no atendimento. A patologia configura como tratamento de prioridade segundo o Estatuto do Idoso, alega o MPF.
No inquérito 7794/2011, um pai, busca para o filho o tratamento médico pela rede pública. A vítima sofreu um acidente em 2007º que causou lesão da medula. Em 2009 uma equipe da Central da Ambulância de Dourados teria derrubado a vítima o que agravou o problema. A vítima só conseguiu remarcar o atendimento inicial, um ano e meio depois, que seria em dezembro do ano passado. Porém a documentação teria ficado por dois meses parada no Núcleo Regional de saúde de Dourados, o que impossibilitou o transporte até o Hospital Sarah Kubitschek em Brasília.
No inquérito 0439/2012, uma senhora está pleiteando a realização pela rede pública de saúde de uma cirurgia bariátrica, para tratamento de suas patologias. A paciente sofre de pressão alta e obesidade mórbida, sendo que esta última ainda lhe acarreta problemas cardíacos e nos joelhos, necessitando da cirurgia. No inquérito o MPF alega que já fazem 5 anos que a paciente tenta realizar a cirurgia, mas sem êxito, em razão da dificuldade de agendamento de consulta com o médico endocrinologista, e que a representante já realizou vários exames pré operatórios mas eles sempre perdem a validade, pois ela não consegue marcar a consulta com o médico, o que impossibilita o agendamento da cirurgia.
No inquérito 0064/2012, uma senhora busca um procedimento cirúrgico denominado histerectomia total, visto que a representante é portadora de miomatose uterina e o referido procedimento é e única solução para seu problema. Segundo o inquérito a paciente realizou uma série de exames no posto de saúde do Jardim Santo André e foi encaminhada para o Centro de Atendimento a Mulher, mas lá não conseguiu marcar a cirurgia em virtude de férias iminentes da médica do Cam. Sendo encaminhada para o Hospital Universitário, a paciente não tem previsão de quando será atendida.