Um homem, um menino

Andando pelos corredores da Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), entre uma reunião e outra da 66ª Conferência em Nova Iorque, tenho a oportunidade de discutir um futuro sustentável para o Planeta, dentre outras políticas como as de segurança alimentar e resoluções pacíficas para conflitos. Mas é inevitável não pensar em minha história e na minha cidade.

Avaliando as complexas discussões que estão sendo realizadas aqui nos Estados Unidos, chego à conclusão que Dourados pode ser uma cidade preparada para os desafios do futuro. Um homem público, experimentado com as experiências políticas e de vida, tem que conseguir construir uma ponte entre o que há de mais moderno em outros países e o que podemos trazer para a nossa realidade. Porém, se este mesmo agente político não sonhar como um menino, não vai correr atrás do impossível.

Sonhar com o inimaginável sempre fez parte de minha história. Como um dos 12 filhos de uma família muito pobre, era impossível acreditar que um dia estaria aqui, na ONU, para participar de tão relevantes debates. Atento as falas, percebo que a agenda mundial tem suas especificidades que não cabem a realidade de Dourados, mas também faço um diagnóstico importante: estamos todos em um mesmo momento e é fundamental cumprirmos as demandas que estamos atrasados.

Dotarmos a cidade de infraestrutura, saneamento básico, responder ao déficit habitacional, edificarmos escolas de qualidade são coisas que já deveríamos ter realizado e, atingir essas metas é condição imprescindível para avançarmos. Mas, para cumprirmos com esses compromissos históricos e sociais em tempo recorde, teremos que sonhar.

Quando falamos em sonhar como menino, parece que estamos citando algo intangível. Mas, tirando como exemplo minha própria história de vida, sei que sonhos são possíveis de serem realizados quando fechamos os olhos aos obstáculos ou, parafraseando livremente Manuel de Barros, “quando nosso céu não tem prateleiras”.

Aqueles que me conhecem mais de perto sabem que, quando encasqueto com uma questão, pareço menino correndo atrás de uma bola em uma pelada no meio da rua. Quando quero que a escola que estudei seja revitalizada, uma praça reformada, o asfalto implantado, eu faço acontecer, me indisponho com outras autoridades, cobro de engenheiros em Ministérios a ponto de ouvir ao longe: “Xi lá vem o Geraldo”.

Ao me construir como homem, se agisse diferente, talvez teria parado no meio do caminho ou teria demorado muita para chegar até aqui. Hoje, o que precisa de velocidade é Dourados e só com a ousadia de uma criança conseguiremos levar o município para o futuro.

Tudo o que está sendo discutido aqui em Nova Iorque eu vou levar para os bairros de minha cidade. Quero sonhar junto com a minha gente e realizar muito mais por Dourados.

Geraldo Resende é médico e deputado federal (PMDB/MS)



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