Qualificação de mão-de-obra, desafio do mundo do trabalho
A considerar as recentes estatísticas, onde se conclui que o novo mapa se divide entre os que globalizam e os que são globalizados, o desemprego, embora seja o mais crucial dos problemas, não é o único desafio do mundo do trabalho, já que a regra colocada a todos, cidadãos e governantes, é a competitividade desenfre ada, o aperfeiçoamento constante do processo de desenvolvimento da tecnologia e das relações econômicas.
Fruto desse processo, assistimos a um hiato entre as disputas de mercados e o crescimento da economia. Faltam empregos nas economias pobres e falta mão-de-obra qualificada nas economias mais desenvolvidas.
No Brasil, o governo busca estratégia para fazer frente à nova ordem econômica e social, convencido de que a educação está intrinsecamente ligada ao desafio da superação do desemprego, em que pese a enorme distância entre o problema e a solução.
É evidente que, na medida em que a população aumenta, os desafios se tornam maiores. Daí a conclusão de que os problemas, sejam de ordem social, sejam de natureza econômica, devem ser atacados em sua raiz.
Num primeiro momento, deve-se assentar uma política vigorosa de redistribuição de renda, estimulando as pequenas e médias economias. Em outro momento, deve-se estabelecer programas estratégicos ao crescimento econômico, estimulando o desenvolvimento industrial e criando meios para potencializar os recursos naturais.
No curso desse processo de geração de empregos, no entanto, percebemos que a competitividade inerente à globalização ampliou a demanda por conhecimentos e informações, gerando, em consequência, incertezas quanto ao futuro, já que o mercado profissional é cada vez mais exigente diante das tendências que valorizam o aperfeiçoamento.
Naturalmente que o combate ao desemprego exige ações amplas, em várias esferas. Acredita-se que o enfrentamento do desemprego passa, portanto, por um plano de crescimento econômico contínuo e por uma política também contínua de formação profissional e qualificação de mão-de-obra.
Há que se insistir na formação e qualificação com ações estratégicas, até porque, em razão do uso de tecnologias de capital e conhecimento intensivo, o emprego deixou de existir para a vida toda.
Além de educar, é preciso empregar convenientemente os conhecimentos, de modo que possamos reduzir o paradoxo que coloca na mesma sociedade o desemprego e a falta de mão-de-obra qualificada.
É correto dizer que o desemprego pode ser combatido mediante condições amplas e favoráveis de crescimento econômico, mas há uma enorme carência de mão-de-obra qualificada.
Não basta ampliar postos de trabalho,seja por meio dos investimentos públicos, especialmente em obras civis e de infraestrutura, seja pelo estímulo permanente à iniciativa privada, se não houver um programa de preparação, capacitação e qualificação da mão-de-obra. Esse é o desafio que se coloca à nossa frente e o principal gargalo do novo mundo do trabalho.
Geraldo Resende é médico e deputado federal pelo PMDB-MS