Parque do Rego d’Água: sete anos de luta
No próximo mês de agosto o Parque Ambiental do Córrego Rego d’Água, que leva o nome do ambientalista Primo Fioravante Vicente (falecido em 19 de setembro de 2002) completará sete anos desde que as obras tiveram início, em 2004. Esse projeto, que encampei já no primeiro ano do meu primeiro mandato em Brasília, vem sendo desenvolvido ao longo desse período, em várias etapas. A primeira, para a qual garanti com o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, foi entregue em 9 de dezembro de 2005, e demandou investimentos federais da ordem de R$ 1 milhão.
Na verdade, a implantação de um parque ambiental para preservar o córrego Rego D’Água era uma antiga aspiração da população douradense, com o objetivo de preservar um dos mais importantes mananciais hídricos de Dourados e, ao mesmo tempo, propiciar um novo espaço para a prática do esporte, do lazer e da confraternização.
Primo Fioravante, um dos principais entusiastas desse Parque, doou as primeiras mudas das árvores plantadas às margens do Rego D´Água, já no ano de 2001, por ocasião das comemorações da Semana do Meio Ambiente. Naquela oportunidade, em conjunto com a comunidade escolar da Escola Municipal Lóide Bonfim de Andrade, e membros da ONG “Salvar” foi lançado o projeto. Em dezembro de 2004 por iniciativa do vereador Walter Hora, a Câmara de Vereadores aprovou o nome do ambientalista para denominar o Parque.
Às duras penas (digo assim porque houve muitos obstáculos, como, por exemplo, dificuldades em promover até mesmo desapropriações no entorno da área) posso dizer, hoje, que a parte da preservação ambiental está praticamente concluída, depois de diversas articulações para conseguir os recursos junto ao meu amigo, então ministro Ciro Gomes.
Com os R$ 4 milhões que viabilizei, mais a contrapartida da Prefeitura, de R$ 400 mil, foi possível fazer uma bela obra, com a drenagem de águas pluviais (propiciando o rebaixamento do lençol freático e canalização das partes mais alagadas), pavimentação asfáltica de todo o contorno do Parque, e a sua delimitação, com cercamento, pistas de caminhada internas e externas.
Mas o quadro que hoje vejo me traz duas sensações: uma de satisfação, outra de tristeza. Contentamento por saber que as pessoas que moram nas proximidades estão contentes com o que foi feito. Muitas delas talvez nem se lembrem mais de como era a situação antes: um brejo cujo córrego, totalmente degradado, servia, no mais das vezes, para escoamento de ligações clandestinas de esgoto das residências próximas; e que nos dias de chuva obrigava os moradores a saírem com as bicicletas nas costas e com sacolinhas de plástico nos pés.
Minha tristeza, porém se soma à preocupação. A tristeza é ver, como em diversas ocasiões, aquela área totalmente abandonada pelo poder público, que tem permitido que o local sirva de depósito de entulhos, lixo, restos de poda de árvore, enfim, de ponto de desova de todo tipo de sujeira. Na verdade, o que deveria ser feito é uma limpeza constante, urbanização e iluminação para propiciar, mesmo que ainda provisoriamente, mais segurança às pessoas que já estão praticando caminhada na parte externa da área.
A preocupação é quanto a um projeto complementar ao Parque Ambiental: a implantação de uma praça no interior da área e que já foi motivo de inúmeras cobranças minhas ao prefeito que renunciou, já que o dinheiro, da ordem de R$ 1,2 milhão, estão empenhados desde 2008, mas os trabalhos não começaram até hoje por causa de pendências jurídicas e burocráticas. E essa preocupação se torna maior quando, em razão de um decreto assinado pelo ex-presidente Lula no último dia de seu governo, se as obras não iniciarem até 30 de abril próximo, poderemos perder esses recursos.
Para que os leitores sejam melhor informados, explico a seguir a questão financeira. Os recursos de que falei, são provenientes de duas emendas. A primeira, R$ 975 mil (que somada à contrapartida de R$ 235 mil do Governo do Estado totaliza R$ 1,21 milhão), foi destinada para o calçamento interno e construção de quadra poliesportiva e de skate. Com essa verba também será feito um espaço para lanchonete, sanitários, área de administração e píer sobre os lagos.
A outra emenda, de R$ 487.500, já foi inclusive liberada pelo Ministério do Turismo (em 17 de maio de 2010), e deverá receber uma contrapartida da Prefeitura de R$ 27.700,00, totalizando um investimento de R$ 515 mil. Com estes recursos, será possível finalizar a construção da praça e a implantação de iluminação e de equipamentos para a prática de esportes e lazer.
Somando os recursos das duas emendas com as contrapartidas, deverão ser aplicados na obra, R$ 1.723.200,00 em obras e equipamentos, complementando, portanto, os investimentos de R$ 4 milhões dos quais falei no início deste artigo.
Portanto, o sonho garantir lazer a cerca de 40 mil pessoas, residentes em 22 bairros localizados entre o Grande Itália e o Jardim Água Boa, disponibilizando à população espaços para lazer, preservação do mancial do Rego d’Água, recuperação da mata nativa e desenvolvimento de projetos de educação ambiental, ainda precisa ser garantida com as articulações que estamos fazendo junto ao Município e ao Governo Federal, para que possa se tornar realidade.
Médico e deputado federal (PMDB-MS)