O equilíbrio e o poder
Há alguns dias, foi informado de um artigo em que o ex-vereador Eduardo Marcondes tece críticas à minha postura política e, por conseqüência, à minha vida. Tenho no Eduardo um amigo. Dado, é assim que os amigos o chamam e esse apelido carinhoso decorre de um tempo em que o vigor da juventude o apresentava mais combativo, mais sonhador.
Essa é a imagem que faço questão de guardar do Eduardo. Ao político de hoje, prevalece em minha memória o jovem articulado, insurgente, inquieto e sonhador de antes.
Alguns resquícios desse menino se transpuseram para a política nos tempos em que ele, Eduardo, era um dos poucos a subir à tribuna da Câmara de Vereadores de Dourados para bradar contra o que classificava como os desatinos da administração petista.
Foi uma época de grandes interferências e grandes embates. Foi quando ele chegou a cunhar um bordão que tornou-se relativamente famoso nos meios políticos e entre a imprensa local: “Isso é um absurdo!” Uma frase que ecoou firme e forte, por muito tempo nos ouvidos dos petistas.
Quem é que está correto? O dado de ontem ou o Eduardo de hoje? Essa não é uma pergunta fácil de responder. E nem cabe a mim o fazê-lo. Tenho a clareza de que tudo muda. As opiniões dele devem ter se alterado também ao longo do tempo. E talvez isso justifique uma mudança de opinião tão radical.Na condição de membro do PMDB sou obrigado a questionar certas atitudes. Não por um capricho pessoal. Mas por uma coerência partidária.
Sim, este é o meu partido e é aqui que estou. Como admitir que, havendo um candidato majoritário ao governo, no caso, o nosso governador André Puccinelli, venha um filiado da nossa sigla partidária defender a candidatura de outro, nosso adversário?
Estou cobrando algo indevido? Penso que não. Me nego aqui a entrar na discussão rasa sobre a minha vida pessoal e política. Sobre isso, o que posso dizer é que tenho sido coerente à minha linha de princípios e aos que confiaram a mim a tarefa de representá-los no Congresso Nacional ou em qualquer outra instância por onde já passei.
Se há algo que precisa ser explicado é essa atitude incoerente de estar filiado ao PMDB, que tem candidato ao governo em nosso Estado, e apoiar exatamente o nosso maior adversário político.
Dado, velho amigo, essa é a “coerência” ou falta dela que precisa ser melhor esclarecida por você aos que te acompanham confiantes e aos seus colegas de partido.
E já que você fez questão de citar o nosso grande líder Ulysses Guimarães, aqui vai uma das mais preciosas frases cunhadas por ele. Ela trata exatamente do que estamos falando, equilíbrio e poder: “O poder não corrompe o homem; é o homem que corrompe o poder. O homem é o grande poluidor, da natureza, do próprio homem, do poder. Se o poder fosse corruptor, seria maldito e proscrito, o que acarretaria a anarquia”.
A palavra é sua.
Deputado federal Geraldo Resende - PMDB-MS