Leia artigo de Geraldo Resende sobre o futuro Instituto da Mulher e da Criança

12/11/2014 10h36

O deputado federal Geraldo Resende, cobra, por meio de artigo, providências para o início das obras de construção do futuro Instituto da Mulher e da Criança, o IMC. Leia a íntegra:

IMC - Hospital da Mulher e da Criança:

até quando, até quando, até quando?

Uso a frase de um famoso articulista douradense, o odontólogo Valeri Jason Furtado, para expressar minha indignação quanto à insuportável demora no início das obras de construção do Instituto da Mulher e da Criança (IMC), um novo hospital que sonhamos para ser construído em anexo ao Hospital Universitário, sob a gestão da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Pelo projeto, a unidade terá um edifício com cinco pavimentos, 8,7 mil metros construídos, com 42 leitos de enfermaria para Obstetrícia; 16 leitos de enfermaria para Ginecologia; 30 leitos de Pediatria; 10 leitos de pediatria de isolamento; 4 leitos de repouso para acompanhante; 6 leitos para isolamento; 8 salas para ambulatório; 6 leitos para Hospital/Dia; 4 leitos para observação; 4 leitos para pré-parto, parto e puerpério; 3 salas de cirurgias; 2 salas para partos; 1 banco de leite; 2 salas de reuniões; e um auditório.

Esta Unidade também foi projetada para ser hospital escola para nossos estudantes de Medicina e demais cursos da área de saúde, e ofertar serviços de saúde da mulher e da criança para os 34 municípios da Região da Grande Dourados.

Ocorre que tudo isso continua apenas no plano das intenções. E essa angústia vem desde 2009, após o ex-prefeito Laerte Tetila ter fechado o então Hospital da Mulher, transformando-o em Hospital do Trauma (hoje Hospital da Vida), arrendando uma instituição particular para, ali, funcionar o Hospital da Mulher. Essa estrutura, posteriormente, foi fechada e hoje as mulheres são atendidas precariamente em maternidade improvisada do Hospital Universitário.

Na época, não fiquei inerte e passei a articular com o então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a implantação do novo hospital da mulher e da criança. Como resultado, em outubro de 2010conseguimos o empenho de recursos da ordem de R$ 12,9 milhões para a construção da obra física, e o compromisso da Universidade Federal da Grande Dourados aplicar mais R$ 6 milhões em recursos próprios. A transferência dos R$ 12,9 milhões ocorreu em 8 de junho de 2012, porém até hoje, sequer temos conhecimento da existência dos projetos (de engenharia, arquitetônico, hidráulico, elétrico e outros), necessários para a realização do processo licitatório que possibilitará o início das obras.

Portanto, mesmo com o dinheiro na conta da UFGD e depois de inúmeras intervenções que fiz junto à Universidade e ao Ministério da Saúde, cobrando providências para que a obra pudesse ser iniciada, as explicações que tivemos, desde então, foi que os projetos técnicos de construção foram seguidamente reprovados pelo Ministério por falta de qualidade. Os trâmites foram atrasados ao extremo, em conseqüência da contratação equivocada, realizada pela UFGD, de uma empresa de Goiânia, sem expertise para a confecção dos projetos citados.

Hoje, para a execução do projeto, será necessário o aporte de novos recursos, estimados em R$ 30 milhões iniciais, ou seja, quase o dobro do que precisávamos inicialmente, e para tanto já estou buscando o compromisso do Ministério da Educação, bem como da Bancada Federal de Mato Grosso do Sul no Congresso para viabilizar os valores que faltaram para tornar o IMC uma realidade, além de não perdermos investimentos arduamente conquistados em Brasília. Nessa luta, vamos precisar do precioso apoio do Ministério Público Federal e dos conselhos Estadual e Municipal de Saúde.

O insuportável atraso que assistimos coloca em risco a vida de crianças de toda a Grande Dourados, porque inexiste na região um atendimento às crianças em todas as especialidades. Por isso, não raro vemos famílias tendo que dispor de todo o seu patrimônio ou mesmo fazendo dívidas enormes para salvar a vida de seus filhos, tendo que buscar esses serviços em outras regiões ou em outros Estados.

A mim, particularmente, como médico ginecologista que tem uma ligação muito forte com a problemática da saúde da mulher, me angustia não termos um atendimento para adolescentes que exercem sua sexualidade sem orientação adequada, ocasionando gravidezes indesejadas e sofrendo todas as conseqüências disso, sendo uma delas o abandono escolar.

Outra situação que nos angustia é o fato de vermos mulheres na idade reprodutiva com doenças pré-existentes, não tendo um pré-natal adequado, como também não tendo onde fazer pré-natal de alto-risco e mais, recebendo tratamento inadequado na hora mais sublime de suas vidas, que é o do parto normal ou cirúrgico. Nessa lista se inclui também a existência de longas filas de espera nos agendamentos de cirurgias referentes ao trato genital – seja para correção de incontinência urinária ou para resolver sangramentos anormais pela presença da chamada miomatose uterina.

Nos deixa indignados, também, quando sabemos que o futuro IMC já poderia estar cumprindo o seu papel de diminuir novos casos de câncer de colo, de corpo uterino e de mama, fazendo os procedimentos para evitá-los (exames de mamografia e colposcopia, por exemplo); ou mesmo oferecendo tratamento para a cura dos casos comprovados. Isso sem falar nos casais que têm dificuldade para ter filhos e poderiam ter à disposição atendimento para tornar realidade seus sonhos, por meio da fertilização assistida.

E o que dizer, também, das mulheres idosas, que poderiam estar tratando os problemas dessa faixa etária, como a osteoporose (que ocasiona fraturas ósseas que as deixam imobilizadas e contribuem para óbitos que poderiam ser evitados)?

Por essas razões e muitas outras, é mais do que atual a pergunta do nosso amigo Valeri: até quando vamos ter que esperar? Até quando... até quando... até quando???Médico e deputado federal (PMDB)

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