Contra-senso com idosos

Contra-senso com idosos

Geraldo Resende

Nos últimos tempos, tenho tido boas razões para achar que as posições políticas defendidas pela atual administração de Dourados estão causando um impacto negativo para a nossa população. É como se estivéssemos vivendo uma nova versão de um velho ditado que diz: Aos amigos tudo, aos adversários o rigor da lei.

É o que constatamos na questão dos idosos: diz defendê-los, mas pode perder recursos para construir um novo Centro de Convivência para idosos em Dourados. Que triste contra-senso!

Neste caso, a nova versão do ditado ficaria assim: aos amigos tudo, aos adversários o rigor da burocracia. Ocorre que, ao enveredar por esta toada, quem sai perdendo não são os políticos que pensam diferente da administração de Dourados. Quem perde de verdade é a população.

Nos últimos tempos tenho citado vários exemplos de processos que estão parados e que podem até ser perdidos por falta de agilidade para atender as exigências legais. A área da saúde tem muitos casos assim. Há menos de um mês apresentei um relatório onde contam processos parados na prefeitura, por falta de licitação, que somam quase R$ 8 milhões. Alguns desses projetos têm recursos liberados há quase dois anos.

Mas agora, vou relatar outro exemplo: é o caso do Centro de Convivência do Idoso. Tenho consciência da importância de um projeto desse porte em Dourados. Por isso empenhei-me para garantir os recursos que permitissem a construção dessa obra.

Depois de muita luta no final de 2008, conseguimos R$ 300 mil em recursos federais. Esse dinheiro, já empenhado, está depositado na Caixa Econômica Federal. Mas, para ser usado, precisa de um projeto técnico adequado, que cumpra as exigências legais e que se enquadre aos objetivos previstos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Pois a mesma administração que gasta recursos com propaganda, se auto-intitulando “Prefeitura amiga dos idosos”, por capricho, corre o risco de perder esse recurso. Ocorre que depois de muito tempo - já tem quase um ano que este dinheiro está garantido - o projeto apresentado não atende as necessidades legais e foi recusado.

A prefeitura agora diz que estuda uma reformulação do projeto, mas desconfio que a velocidade que os técnicos estão imprimindo para modificá-lo não será suficiente para evitar a perda do recurso. Há aí duas hipóteses: uma é que não tenha profissionais capazes de adequar o projeto como quer o Ministério. Nessa hipótese eu não acredito, porque sei que temos em Dourados servidores públicos de alta competência.

A outra hipótese, a que sobra, é o fato de que a obtenção desses recursos foi conquistada em parte pelo trabalho que faço em Brasília, na condição de representante legal do povo de Dourados. E o atraso do andamento do projeto seria uma forma de retaliação política. Confesso ter dificuldades de admitir que seja verdadeira. Porque retaliar adversários dessa forma é uma atitude muito pequena, diante da necessidade da população. E nenhuma divergência política justifica um prejuízo deste tamanho ao nosso povo.

Portanto, além de lamentar tudo isso, só me resta torcer para que, num lapso de responsabilidade com o povo, os administradores da nossa cidade sejam capazes de superar esses obstáculos políticos e façam o que é preciso fazer.

Médico e deputado federal PMDB-MS


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