Bioceânica em Ponta Porã

Bioceânica em Ponta Porã

Geraldo Resende

As lideranças políticas, empresariais e classistas de Ponta Porã tem uma oportunidade única de se unirem em favor de um projeto que, concretizado, vai mudar radicalmente o cenário econômico deste município: a chegada a Ferrovia Beoceânica e, daí, prosseguindo até o Chile. Falo isto porque o traçado da ferrovia já está garantido no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) chegando até Dourados e, apenas como estudo, prosseguindo até a fronteira.

Então, o momento de se articular para que a proposta contemple também a cidade fronteiriça é este. Caso isso não ocorra, é possível que o projeto acabe beneficiando um outro traçado, onde haja maior força ou mobilização política.

A verdade é que o projeto da Bioceânica rompe com uma condição histórica: devido ao fato de termos sido colonizados pelos portugueses, nossa tradição é voltarmos os olhos para a Europa e por isso, sempre olhamos de frente para o Atlântico e estivemos de costas para os países de colonização espanhola.

Geograficamente, Dourados e Ponta Porã ficam no ponto extremo de Mato Grosso do Sul, e este, sendo um Estado do Centro-Oeste brasileiro, fica a mesma distância (aproximada), tanto do Oceano Atlântico quanto do Pacifico, ou seja, ficamos no meio do caminho. Se usamos somente a saída pelo Atlântico, somos o fim da linha. Com isso nosso frete é mais caro do que o de outros Estados como o Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, mas essa lógica pode ser mudada se utilizamos a outra saída para o mar pelo lado leste.

É o que propõe a Bioceânica, no PAC-2, ao projeta a obra de uma estrada de ferro ligando Panorama a Dourados, que no primeiro momento vai baratear o frete até Santos. Esta obra deverá continuar até Resistência, na Argentina, onde existe uma ferrovia ligando a Antofogasta, no Chile. Com isso, os dois oceanos, Atlântico ao Pacifico estarão ligados, de Santos a Antofogasta.

Qual a vantagem disto? O mercado onde mais vendemos nossos produtos é a China, país emergente com mais de 1 bilhão e trezentos milhões de habitantes. Portanto, se conseguirmos encurtar este caminho, estaremos lucrando por meio do barateamento do frete. Ou seja: se conseguirmos exportar, por exemplo, nossa soja pelo Pacifico, teremos um lucro em relação aos Estados que citei, pois ficaremos mais próximos daquele oceano.

Hoje a distância de nossos portos (Santos e Paranaguá) até a China e o apão é de aproximadamente 24 mil quilômetros. Se sairmos através dos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, vamos economizar 8 mil quilômetros, barateando o custo do frete em 30 %. Com isso poderemos competir muito mais com os outros mercados.

Neste cenário Ponta Porã, que hoje fica no fim da linha (por estar na fronteira), será o começo de um novo trajeto. Pergunto: é ou não uma bandeira de luta para a sociedade pontaporanense? Creio que sim, e mais: se solicitado, vou caminhar junto, para levar esta idéia aonde a comunidade fronteiriça pedir, lutando por ela com todas as nossas energias.

Médico e deputado federal PMDB-MS



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