Hospital Regional de Dourados: quando a política cumpre seu papel

Por Geraldo Resende*

Dourados completou 90 anos no último dia 20 de dezembro. E, desta vez, o aniversário não foi marcado apenas por discursos ou celebrações protocolares. Foi marcado por uma entrega concreta, daquelas que mudam a vida real das pessoas: a inauguração do Hospital Regional de Dourados.

Não foi um gesto improvisado, nem obra de ocasião. Foi o resultado de uma luta iniciada em 2014, quando poucos acreditavam que aquele projeto sairia do papel. Política, quando é séria, não se mede em ciclos eleitorais. Mede-se em persistência. E essa obra é filha da persistência.

Lembro-me bem de todo o caminho percorrido. Lembro de quando, após uma eleição, o hospital chegou a ser abandonado como prioridade. Foi preciso bater na porta do então governador-eleito Reinaldo Azambuja e dizer, com todas as letras: não podemos desistir desse projeto. Seria um erro histórico com Dourados e com o Mato Grosso do Sul.

Foi preciso convencer, articular, insistir. Fomos a Brasília, eu e o então secretário de Governo, hoje governador Eduardo Riedel. Resgatamos um recurso inicial de R$ 4,4 milhões, indicado pelo então deputado, hoje prefeito, Marçal Filho. Parecia pouco diante do tamanho do desafio, mas era o começo.

Durante mais de dois anos, fizemos um verdadeiro “trilho” entre gabinetes, ministérios e reuniões técnicas. Até que, num daqueles dias que ficam guardados na memória, o então ministro da Saúde, hoje deputado federal, Ricardo Barros, autorizou a liberação de R$ 16 milhões. Ali, somados à contrapartida do Governo do Estado, o hospital deixou de ser promessa e virou obra.

Essa caminhada não foi solitária. Faço questão de registrar uma homenagem que não pode faltar: ao ex-deputado Jorge Takimoto, um dos sonhadores desse hospital. Porque sonhos coletivos não pertencem a um só nome. Pertencem a quem acredita e sustenta a ideia quando ela ainda não rende aplauso.

Ao longo desse período enfrentamos vários desafios. Vieram as cobranças. Vieram as discussões. Sempre fui conhecido por cobrar. Não escondo isso. Aprendi que política só melhora a vida das pessoas quando alguém cobra todos os dias. Especialmente quando se trata de um plano de saúde chamado SUS.

Tenho orgulho de dizer: ajudei a construir o SUS. Sou devoto do SUS. Luto pelo SUS. Porque ele não é um favor do Estado — é um direito do povo. E direito não se pede de cabeça baixa; se exige com dignidade.

Antes da solenidade de inauguração, repeti algo que fiz muitas e muitas vezes, nos últimos 15 anos: percorri os mais diversos corredores, salas e outras estruras do Hospial Regional. E o que vi ali dentro me encheu de orgulho: estrutura moderna, equipamentos de ponta, atendimento digno.

Não é exagero dizer que teremos uma história da saúde pública antes e depois desse hospital. Quem entrar ali vai entender: o SUS não é, nem pode ser, de segunda categoria. O SUS precisa ser melhor que muito hospital privado. E é.

Esse hospital nasce no aniversário de 90 anos de Dourados como um símbolo. Símbolo de que vale a pena insistir. De que a política, quando exercida com seriedade, é instrumento de transformação. De que ninguém pode ficar para trás, principalmente aqueles que dependem exclusivamente do SUS.

Ao final da solenidade de inauguração, confesso: tentei não chorar. Nem sempre consegui. Porque quem viveu cada etapa dessa caminhada sabe o que ela representa.

Por isso, ergo a cabeça e encho os pulmões para dizer: Viva Dourados, viva o Mato Grosso do Sul, viva o Brasil.

Mas, acima de tudo, viva o SUS.

AbraSUS!

*Médico, deputado federal e ex-secretário estadual de saúde de MS

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